Juiz tinha sugerido a possibilidade de realizar depoimento por videoconferência, mas advogados insistiram para que oitiva fosse pessoalmente.
O juiz Sérgio Moro decidiu nesta sexta-feira (28) que o depoimento do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um dos processos a que ainda
responde, será presencial. A oitiva está marcada para o dia 13 de
setembro e deverá ocorrer em Curitiba.
No despacho em que marcou as audiências para ouvir os réus do processo, Moro tinha sugerido que o depoimento de Lula fosse realizado por videoconferência.
O magistrado argumentou que foi necessário um amplo aparato de
segurança para garantir a tranquilidade dos trabalhos em outro
depoimento prestado por Lula, no processo em que o ex-presidente acabou
condenado por ter recebido propina da OAS.
Os advogados de Lula, no entanto, foram contrários ao depoimento por videoconferência.
Eles defenderam que o réu tem o direito de estar diante do juiz para
prestar os devidos esclarecimentos, quando necessário. A defesa também
arguiu que Lula já prestou depoimento em outros processos, em São Paulo e
Brasília, e que nunca foi necessária nenhuma segurança adicional por
isso.
Gravação diferenciada
No documento em que solicitaram o depoimento presencial do
ex-presidente, os advogados também pediram ao juiz para fazerem uma
gravação da oitiva particular. Moro, no entanto, permitiu que seja
colocada uma segunda câmera na sala de audiências, nos mesmos moldes do
primeiro depoimento de Lula.
Naquela ocasião, a segunda câmera captava imagens em um plano aberto,
em que era possível ver também Sérgio Moro e o procurador do MPF que
acompanhou o depoimento.
Segundo depoimento como réu
Este será o segundo interrogatório de Lula na condição de réu, em um
dos processos referentes à Operação Lava Jato, que tramitam no Paraná.
No primeiro, referente ao triplex em Guarujá, a ida de Lula gerou amplo
esquema de segurança na cidade, desde a chegada ao Aeroporto Afonso
Pena, em São José dos Pinhais, até a saída da Justiça Federal, após quase cinco horas de audiência.
Á época, a Polícia Militar (PM) informou que gastou R$ 110 mil no esquema de segurança.
De acordo com o juiz Sérgio Moro, a recomendação para que o
interrogatório seja feito a distância está atrelada a este gasto. Houve
protestos contra e a favor do ex-presidente, em pontos separados da
cidade.
"Considerando o havido no interrogatório de Luiz Inácio Lula da Silva
na ação penal que acabou envolvendo gastos necessários, mas indesejáveis
de recursos públicos com medidas de segurança, diga a Defesa
respectiva, em cinco dias, se tem objeções à realização de novo
interrogatório do acusado em questão por videoconferência com a Justiça
Federal de São Paulo".
Lula foi condenado no processo sobre o triplex a 9 anos e seis meses
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele pode recorrer da
sentença em liberdade.
Outros interrogatórios
Esta ação penal tem mais sete réus. Entre eles o ex-ministro Antonio
Palocci e o empresário Marcelo Odebrecht – ambos têm condenação na
Operação Lava Jato e estão presos.
O juiz Sérgio Moro também marcou o interrogatório dos demais acusados.
- 04/09/2017, às 14h: Marcelo Bahia Odebrecht, Demerval de Souza Gusmão Filho e Paulo Ricardo Baqueiro de Melo;
- 06/09/2017, às 14h: Antônio Palocci Filho, Roberto Teixeira e Glaucos da Costa Marques;
- 13/09/2017, às 14h: Luiz Inácio Lula da Silva e Branislav Kontic;
A ex-primeira dama Marisa Leticia chegou a ser acusada, contudo, o juiz Sérgio Moro decretou a impossibilidade de puni-la. Marisa Leticia morreu em fevereiro deste ano.
Os interrogatórios ocorrem com o fim dos depoimentos das testemunhas de
acusação e defesa. Após as oitivas dos réus, abre-se o prazo para a
acusação e para as defesas apresentarem as alegações finais e, então, o
juiz poderá sentenciar o processo.
A denúncia
Lula foi denunciado neste caso em 15 dezembro de 2016, e o juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia quatro dias depois.
Segundo o MPF, a Construtora Norberto Odebrecht pagou R$ 12.422.000
pelo terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula. Esta
obra não foi executada.
A denúncia afirma também que o ex-presidente recebeu, como vantagem
indevida, a cobertura vizinha à residência onde vive. De acordo com o
MPF, foram usados R$ 504 mil para a compra do imóvel.
Ainda conforme a força-tarefa, este segundo apartamento foi adquirido
no nome de Glaucos da Costamarques, que teria atuado como testa de ferro
de Lula. Os procuradores afirmam que, na tentativa de dissimular a real
propriedade do apartamento, Marisa Letícia chegou a assinar contrato
fictício de locação com Glaucos da Costamarques.DO G1-PR
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