Promotor vai entrar com recursos para que ex-médico, condenado por estuprar pacientes, volte à cadeia. Ele foi autorizado a cumprir o resto da pena em casa devido a problemas de saúde.
O Ministério Público vai recorrer contra a decisão da Justiça que autorizou o ex-médico Roger Abdelmassih a cumprir o resto de sua pena em casa.
Condenado a mais de 181 anos de cadeia por estuprar as próprias
pacientes, ele recebeu o benefício na última quarta-feira (21) por conta
de problemas de saúde.
O recurso será interposto pelo promotor Luiz Marcelo Negrini, da 1ª
Vara de Execuções Penais de Taubaté, cidade do interior paulista. A
comarca é a mesma de onde partiu a autorização para a prisão domiciliar
de Abdelmassih, proferida pela juíza Sueli Zeraik.
Segundo Negrini, o laudo pericial que embasou a decisão da magistrada
não comprova a necessidade de Abdelmassih ir para casa. "O laudo não
concluiu de forma categórica que ele deveria sair ou que a unidade não
tinha condições de dar o atendimento necessário. Muito pelo contrário. O
laudo diz que é um tratamento a base de remédios, que podem ser
ministrados de qualquer lugar", afirmou.
Para o promotor, não há nenhuma prisão no Brasil com condições de
oferecer o tratamento de doenças graves em seu interior, mas isso não
justifica o benefício concedido ao ex-médico. "Se a unidade não tem
condições, ela presta assistência e leva o condenado ao hospital. E isso
estava sendo feito, tanto é que ele foi internado diversas vezes. Se
ele não estivesse sendo assistido, aí seria outra história", explicou.
O prazo para recurso é de três dias a partir da ciência da decisão, o
que deve acontecer ainda nesta segunda (26). De qualquer forma, como o
promotor sabe o teor da sentença, já começou a elaborar as petições. De
acordo com ele, serão dois recursos: agravo em execução e mandado de
segurança.
O agravo em execução vai abordar o mérito da decisão, mas não tem poder
de anular o cumprimento da prisão domiciliar imediatamente. O
julgamento deste tipo de recurso é mais demorado e pode levar até um
ano. Já o mandado de segurança é uma tentativa de cessar o efeito da
decisão de forma mais rápida, o que implicaria no pronto retorno de
Abdelmassih para a cadeia.
Prisão em apartamento na Zona Oeste
Roger Abdelmassih está cumprindo a prisão domiciliar em um condomínio de Pinheiros,
na Zona Oeste da capital paulista. Ele chegou ao edifício, onde mora
sua mulher, a procuradora Larissa Sacco, no começo da madrugada de
sábado (24). Vestindo um capuz branco, o ex-médico tentou esconder o
rosto das lentes de fotógrafos e cinegrafistas que o aguardavam na
entrada.
Abdelmassih estava internado no Hospital São Lucas, em Taubaté, e
deixou o local na noite de sexta-feira (23) em uma ambulância
particular, de uma empresa de remoção. Ele foi autorizado a continuar o
tratamento de saúde em casa na quarta (21), mas não deixou o hospital
imediatamente porque estava terminando um tratamento. O hospital não
prestou informações sobre o quadro clínico do paciente.
O ex-médico, de 74 anos, tenta, desde outubro de 2016, o indulto
humanitário (perdão da pena), alegando que sofre de doenças graves,
entre elas enfermidades do coração. Ele estava cumprindo pena na
Penitenciária 2, em Tremembé, desde 2014, mas foi internado no dia 18 de
maio no hospital de Taubaté com broncopneumonia, que é uma inflamação
dos pulmões.
Abdelmassih é monitorado por uma tornozeleira eletrônica e não pode deixar a cidade sem autorização da Justiça.DO G1
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