Josias de Souza
Desde que Michel Temer passou a tratar com naturalidade a presença no governo de oito ministros enrolados na Lava Jato, a plateia esperava pelo sinal de que o fim, ou pelo menos a cena terminal que empurraria o governo para o bueiro, estivesse próximo. Aguardava-se o fato que levaria o país a exclamar: “Não é possível!” O alarme, finalmente, soou. A delação da turma do grupo JBS será lembrada nos livros de história como um dos marcos da derrocada. De agora em diante, tudo é epílogo para o governo-tampão de Michel Temer.
Confirmando-se a notícia de que Temer, entre outras estripulia$, foi gravado avalizando a compra do silêncio de Eduardo Cunha pelo Grupo JBS —‘Tem que manter isso, viu?’— o substituto constitucional de Dilma Rousseff perde completamente as condições de presidir o país. Fica definitivamente entendido algo que a delação da Odebrecht já deixara claro: Temer não é apenas complacente com a podridão. Junto com o seu PMDB, ele é parte do lixão. Resta decidir como o sistema político fará a recliclagem.
Temer apresentara-se como uma “uma ponte para o futuro”. Fernando Herique Cardoso redefinira sua gestão como uma “pinguela”. Pois bem. Essa versão mais tosca da ponte, feita de restos do conglomerado corrupto que sustentava as administrações petistas, explodiu. O estrondo chega antes que Temer aprovasse as suas reformas econômicas. A recuperação do PIB, que já era frágil, subiu no telhado. Há 48 horas, Temer celebrava o sucesso do primeiro ano de governo. Agora, será perseguido pela mesma pergunta que atormentava Dilma: Será que consegue concluir o mandato?
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