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Era previsível que Michel Temer enfrentaria problemas reais com
o questionamento judicial da chapa reeleitoral encabeçada pela Dilma e com ele
de vice. A aposta de Temer é que, se porventura terminar condenado a perder o
mandato, isto só deve acontecer depois de março de 2018. Até lá, a avaliação
temerária é que nada será julgado antes deste prazo. Por isso, a ordem é
acelerar nas “reformas” e nos “negócios” (privatizações e Parcerias Público
Privadas), para minimizar os riscos.
Quem também está na maior correria é o ministro Hermann Benjamin,
relator do caso Dilma-Temer, cujo mandato no Tribunal Superior Eleitoral se
encerra em outubro. O “Presidente-réu” vai indicar o substituto dele... Além
disso, joga contra o processo o fato de Temer ter poder para indicar, em abril
e maio, dois novos integrantes para o TSE. Assim, Temer terá chance de emplacar
três dos sete ministros que julgarão a situação da chapa presidencial de 2014 –
que certamente recebeu dinheiro de corrupção que acabou “lavado” pela via de “doações”
eleitorais “dentro da lei”.
Temer ficou tranqüilo com o depoimento dado ontem por Marcelo
Odebrecht. Outras dezenas de testemunhas terão de ser ouvidas. O processo vai
demorar... Haverá produção de provas, contraprovas, questionamentos, reinquirições
e as providenciais pressões de bastidores para que tudo ande o mais devagar
possível. Temer não tem certeza de que ganha o processo. No entanto, tem
certeza de que ganhará tempo, porque vai correr contra para cumprir sua “missão”.
Uma CPI da Previdência, por exemplo, incomoda mais Temer que o processo no TSE.
Vale repetir por 13 x 13: Temer pode balançar, porém não vai
cair. Se for derrubado, será no finalzinho do mandato, em 2018. A chance real é
de uma antecipação da eleição presidencial, em vez de uma eleição indireta para
o Palácio do Planalto. O trunfo de Temer é que a agenda econômica será
cumprida, custe o que custar. Se depender dos deuses do mercado financeiro,
Temer ficará onde está até seu último dia de mandato.
Visão de fora
Do cientista político Steven Brams, do Departamento de Política
da Universidade de Nova York, conhecido por usar as técnicas da teoria dos
jogos, a teoria da escolha pública, e a teoria da escolha social para analisar
sistemas de votação e divisão justa em eleições americanas, analisando a
crescente opção de brasileiros que pedem “intervenção militar”:
“Há vários segmentos que pensam diferente, com objetivos
diferentes. Pelo que eu vejo, há grupos de pessoas que estão sugerindo uma
intervenção militar no Brasil. Podemos dizer que este segmento é mais coeso do
que os outros, pois se fixam apenas em um único objetivo. Este segmento não
defende partidos, políticos e nem o sistema. É mais patriótico e mais coeso do
que os demais segmentos. Este grupo de pessoas exigem uma mudança radical no
sistema, ou sua total destruição. É mais radical e mais coeso neste sentido.
Talvez por isso não encontre apoio de políticos e nem da mídia que vive nas
beiradas do sistema. Uma intervenção militar com o povo exigindo mudanças,
certamente colocaria em risco o atual sistema político brasileiro”.
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