O período pré-carnavalesco não fez bem a Michel Temer. Seu governo
entoa um samba com dois puxadores: Henrique Meirelles e a caciquia do
PMDB. O enredo ficou confuso. A ala da economia não orna com a da
política. O carro alegórico das reformas não combina com uma comissão de
frente que desfila fantasias parecidas com aquelas que levaram Dilma e o
PT ao rebaixamento.
As contradições reacenderam o ceticismo da
plateia. Que começa a programar seu próprio desfile. Nesta segunda-feira
(13), os movimentos que organizavam atos pró-impeachment se juntaram
para preparar nova manifestação. Será no último domingo de março, dia
26. A pauta prestigia o samba de Meirelles, defendendo as reformas
previdenciária e trabalhista. E rosna para o baticum do PMDB, em eterna
conspiração contra a Lava Jato.
Ainda não se viu nenhum líder de
movimento de rua enrolado na bandeira do ‘Fora, Temer.” Mas convém não
cutucar a rua com o pé. Em comunicado conjunto, os movimerntos anotaram:
“Nosso mote será: Brasil sem partido, pois não queremos um STF que se
dobre às vontades deste ou de qualquer outro governo, agindo com
lentidão para salvar os que têm foro privilegiado, utilizando-se dele
para escapar da Justiça.”
Também nesta segunda-feira, o ministro
Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, divulgou despacho que
fez acender uma luz amarela no painel de (des)controle do Planalto.
Relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma –Temer, Benjamin
indeferiu pedido da defesa da ex-presidente petista para que fossem
realizadas novas diligências. Sustentou que esse tipo de providência
pode estender o processo “ao infinito, sem possibilidades concretas de
conclusão.”
Lendo-se a justificativa de Benjamin de trás para a
frente, fica claro que o ministro quer encerrar a encrenca, submetendo
seu voto à consideração do plenário do Supremo. Os autos estão fornidos.
Realizaram-se perícias no papelório de gráficas que simularam prestação
de serviço à campanha de Dilma, quebraram-se sigilos bancários e
fiscais, ouviram-se 42 testemunhas.
Se quiser, o relator Herman
Benjamin pode votar a favor da lâmina, contra a permanência de Temer no
Planalto. Não lhe faltam independência nem matéria-prima. Suponha que um
voto aziago de Benjamin venha à luz até o final de março. Dependendo de
como Temer e seus correligionários do PMDB se comportarem até lá, as
ruas, que já pararam de abanar o rabo para o govenro, podem acabar
mordendo. DO J.DESOUZA
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