Em dez anos de convívio, o filhote de Cabral só viu o lado bom do ladrão compulsivo
“Todos os amigos dele eu conheci, convivi dez anos com eles,
a gente passava o réveillon na casa dele em Mangaratiba”, disse o
governador Luiz Fernando Pezão na entrevista publicada pela Folha. Vice
de Sérgio Cabral entre 2007 e 2014, quando o titular lhe entregou o
cargo para que disputasse a sucessão estadual instalado no gabinete que
continua a ocupar, poucos parceiros desfrutaram de tanta intimidade com o
homem que fingia chefiar a administração fluminense enquanto comandava
em tempo integral a quadrilha que saqueou o Rio. Mas Pezão garante que
nem desconfiou das bandalheiras ocorridas a um palmo do seu nariz.
Nunca conversaram sobre dinheiro?, quis saber o repórter.
Nunca notou nada de errado? “Não. Zero”, jurou Pezão. “Nunca vi isso,
nunca percebi, para mim é uma grande surpresa. Estou triste, chateado.
Eu não via esse lado dele, só o outro”. Se diz a verdade, é ele o único
amigão do ex-governador hoje engaiolado em Bangu que não enxergou nada
de mais nas evidências contundentes de enriquecimento rápido, nas farras
em Paris, nos jantares de califa de filme antigo, na transformação da
primeira-dama em vitrine de joalheria, nas parcerias bilionárias com
empreiteiros de estimação e na gastança com helicópteros, fora o resto.
Além de não enxergar a face escura, só Pezão viu o lado bom
de Cabral. Deveria consolar os parentes do preso contando como é esse
lado que nenhum deles conheceu. DO A.NUNES
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