Um dia depois de entronizado pelo Supremo Tribunal Federal no mais
alto posto da nação, Renan Calheiros, o novo Salvador-Geral da
República, fiador plenipontecnário da estabilidade nacional, sentenciou:
''Decisão do STF fala por si só. Não dá para comentar decisão judicial.
Decisão judicial do Supremo Tribunal Federal é para se cumprir.''
Considerando-se
que o veredicto veio à luz 48 horas depois de Renan ter ignorado a
ordem do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, para que desocupasse a
poltrona de presidente do Senado, fica entendido o seguinte: a norma
vale para todos os brasileiros, exceto para o Salvador-Geral, que vive
sob regras próprias.
Apesar de sua condição de réu criminal, Renan
foi mantido no comando do Senado pela maioria dos ministros do Supremo,
instância máxima do subpoder Judiciário. Vitaminado, o Salvador-Geral
anuncia que todas as acusações constantes nos 12 processos judiciais que
protagoniza vão ruir.
Renan comporta-se mais ou menos como Diógenes de Sinope, filosofo grego a quem se atribui a estruturação do movimento filosófico batizado de “cinismo”. Consta que Alexandre,
o Grande, com poderes tão supremos quanto os do ex-Supremo brasileiro,
perguntou a Diógenes o que poderia fazer por ele. E o sábio:
“Posicione-se um pouco menos entre mim e o Sol.”
A diferença entre
Renan e Diógenes é que o sábio brasileiro alcançou um inédito grau de
sofisticação filosófica. O Salvador-Geral da República inaugurou a era
do pós-cinismo.- JDESOUZA
Ex-Supremo!
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