sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Ex-dirigente da Odebrecht cita Temer e mais 35 em delação

Ex-responsável pela área de Relações Institucionais da Odebrecht, maior empreiteira do país, Claudio Mello Filho citou em seu acordo de delação premiada ao menos 36 políticos, entre governistas e oposicionistas. No chamado anexo que contém os resumos do que será tratado na colaboração, Mello Filho promete relatar em detalhes aos investigadores sua relação com os principais integrantes da cúpula do PMDB, atingindo em cheio o núcleo duro do governo Michel Temer.
Mello Filho contou que foi acertado pagamento de R$ 10 milhões por Marcelo Odebrecht ao PMDB, em jantar no Palácio do Jaburu que teve em maio de 2014 com Temer e peemdebistas. Parte dos recursos  foi entregue em dinheiro vivo no escritório de advocacia de José Yunes. Trechos dos anexos da colaboração do executivo foram revelados pelo site Buzfeed.
Segundo ele, “claramente, o local escolhido para a reunião foi uma opção simbólica voltada a dar mais
peso ao pedido de repasse financeiro que foi feito naquela ocasião”.
O executivo disse que temas de interessa da empresa eram colocados a Temer, como quando entregou ao peemedebista uma nota sobre a atuação da companhia em Portugal, sendo que ele faria uma viagem institucional. “Esse exemplo deixa claro a espécie de contrapartida institucional esperada entre público e privado”.
Mello Filho afirmou ainda que parte dos recursos acertados para Temer foi destinado para Paulo Skaf que se candidatou ao governo de SP em 2014.
Em seu acordo, o executivo afirmou ainda que o ministro Eliseu Padilha, de “codinome primo” centralizava arrecadações para Temer, então candidato a reeleição a vice-presidente nas eleições de 2014. Segundo o ex-empresário, Padilha atua como verdadeiro “preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome.”
“Esse papel de ‘arrecadador’ cabe primordialmente a Eliseu Padilha e, em menor escala, a Moreira Franco.”
De acordo com o delator, Padilha foi o representante escolhido por Temer que recebeu e endereçou os pagamentos realizados a pretexto de campanha solicitadas por Temer. “Este fato deixa  claro seu peso político, principalmente quando observado pela ótica do valor do pagamento realizado, na ordem de R$ 4 milhões”.
Mello Filho também diz que foram destinados para a cúlupa do PMDB do Senado mais de R$ 23 milhões, sendo que Romero Jucá centralizava a arrecadação, e envolve ainda o candidato do partido para a presidência do Senado, Eunício Oliveira, chamado de “índio” pela companhia. Ele afirmou que foram pagos R$2,1 milhões, a um preposto do senador, o  valor foi dividido em duas parcelas, sendo uma paga em Brasília e a outra em São Paulo. Os pagamentos foram realizados entre outubro de 2013 e janeiro de 2014.
Os acertos financeiros tinham como objetivo além de estreitar relações conseguir aprovar propostas de interesse da Odebrecht no Congresso, como mudanças em medidas provisórias, que tratavam de medidas de mudança de regime tributária e de concorrência, por exemplo.
O delator contou também que Marcelo Odebrecht pediu que transmitisse um recado para Michel Temer e que teria procurado Moreira Franco. “O recado foi que ele teria tido uma reunião com Maria das Graças Foster, ex-presidente da Petrobras e ela teria perguntado  expressamente a Marcelo Odebrecht quais pessoas do PMDB ele teria ajudado financeiramente na campanha eleitoral de 2010. Marcelo me disse que não respondeu a pergunta de Graça Foster, pois “não dizia respeito a ela a relação dele com o PMDB””, disse.
“Marcelo me pediu pressa  na transmissão do recado. Sabendo da relação que ele mantinha com Michel Temer, procurei Moreira Franco e contei a ele o relato de Marcelo e, percebendo que era importante para Marcelo Odebrecht, pedi que ele transmitisse o quanto antes para Michel Temer”, completou.
O  atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também é envolvido, sendo apontado que recebeu R$ 100 mil da Odebrecht para quitar dívidas de sua campanha à prefeitura do Rio de Janeiro. Maia é tratado pela empreiteira como Botafogo.
Os políticos negam irregularidades e afirmam que recursos recebidos ou negociados com Odebrecht se tratam de doações eleitorais previstas em lei.
No anexo da colaboração, consta a seguinte lista, com nomes e codinomes:
  1. Michel Temer
  2. Anderson Dornelles (ex-assessor de Dilma) “LAS VEGAS
  3. Antônio Brito (deputado) Misericordia
  4. Arthur Maia (deputado) (Tuca)
  5. Ciro Nogueira (senador) cerrado // piqui
  6. Delcídio do Amaral (ex-senador) (Codinome “FERRARI”)
  7. Duarte Nogueira (deputado) corredor
  8. Eduardo Cunha (ex-deputado) (Codinome “CARANGUEJO
  9. Eliseu Padilha (ministro ) Codinome “PRIMO
  10. Eunício Oliveira (senador) índio
  11. Geddel Vieira Lima (ex-ministro) Codinome “BABEL
  12. Gim Argello (ex-senador) Campari
  13. Inaldo Leitão (deputado) todo feio
  14. Jaques Wagner (ex-ministro) Codinome “POLO
  15. José Agripino (senador)_ gripado – R$ 1 milhão que teriam sido solicitados por Aécio Neves.
  16. Katia Abreu (senador)
  17. Lúcio Vieira Lima (deputado)
  18. Marco Maia (deputado_ (gremista
  19. Moreira Franco (sectretário) (Codinome “ANGORÁ
  20. Renan Calheiros (senador) Codinome “JUSTIÇA”)
  21. Rodrigo Maia (deputado)
  22. Romero Jucá (senador) Codinome “CAJU
  23. ** Senador Romário ( Foi pedida contribuição para sua campanha, mas a empresa não fez)
  24. ** Bruno Araújo ( tratamento institucional, sem referências a pagamentos)
  25. – Adolfo Viana (BA) (“JOVEM”): R$ 50 mil
  26. Lídice da Mata (BA) (“FEIA”): R$ 200 mil
  27. Daniel Almeida (BA) (“COMUNA”): R$ 100 mil
  28. Paulo Magalhães Júnior (BA) (“GOLEIRO”): 50 mil
  29. Hugo Napoleão (PI) (“DIPLOMATA”): R$ 100 mil
  30. Jutahy Magalhães (BA) (“MOLEZA”): R$ 350 mil
  31. Francisco Dornelles (RJ) (“VELHINHO”): R$ 200 mil
  32. Carlinhos Almeida R$ 50 mil
  33. João Almeida R$ 500 mil na campanha de 2010
  34. Rui Costa R$ 10 milhões
  35. Paulo Skaf  - DO JOTA

Nenhum comentário:

Postar um comentário