Ex-responsável pela área de Relações Institucionais da
Odebrecht, maior empreiteira do país, Claudio Mello Filho citou em seu
acordo de delação premiada ao menos 36 políticos, entre governistas e
oposicionistas. No chamado anexo que contém os resumos do que será
tratado na colaboração, Mello Filho promete relatar em detalhes aos
investigadores sua relação com os principais integrantes da cúpula do
PMDB, atingindo em cheio o núcleo duro do governo Michel Temer.
Mello Filho contou que foi acertado pagamento de R$ 10
milhões por Marcelo Odebrecht ao PMDB, em jantar no Palácio do Jaburu
que teve em maio de 2014 com Temer e peemdebistas. Parte dos recursos
foi entregue em dinheiro vivo no escritório de advocacia de José Yunes.
Trechos dos anexos da colaboração do executivo foram revelados pelo site
Buzfeed.
Segundo ele, “claramente, o local escolhido para a reunião foi uma opção simbólica voltada a dar mais
peso ao pedido de repasse financeiro que foi feito naquela ocasião”.
peso ao pedido de repasse financeiro que foi feito naquela ocasião”.
O executivo disse que temas de interessa da empresa eram
colocados a Temer, como quando entregou ao peemedebista uma nota sobre a
atuação da companhia em Portugal, sendo que ele faria uma viagem
institucional. “Esse exemplo deixa claro a espécie de contrapartida
institucional esperada entre público e privado”.
Mello Filho afirmou ainda que parte dos recursos acertados
para Temer foi destinado para Paulo Skaf que se candidatou ao governo
de SP em 2014.
Em seu acordo, o executivo afirmou ainda que o ministro
Eliseu Padilha, de “codinome primo” centralizava arrecadações para
Temer, então candidato a reeleição a vice-presidente nas eleições de
2014. Segundo o ex-empresário, Padilha atua como verdadeiro “preposto de
Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome.”
“Esse papel de ‘arrecadador’ cabe primordialmente a Eliseu Padilha e, em menor escala, a Moreira Franco.”
De acordo com o delator, Padilha foi o representante
escolhido por Temer que recebeu e endereçou os pagamentos realizados a
pretexto de campanha solicitadas por Temer. “Este fato deixa claro seu
peso político, principalmente quando observado pela ótica do valor do
pagamento realizado, na ordem de R$ 4 milhões”.
Mello Filho também diz que foram destinados para a cúlupa
do PMDB do Senado mais de R$ 23 milhões, sendo que Romero Jucá
centralizava a arrecadação, e envolve ainda o candidato do partido para a
presidência do Senado, Eunício Oliveira, chamado de “índio” pela
companhia. Ele afirmou que foram pagos R$2,1 milhões, a um preposto do
senador, o valor foi dividido em duas parcelas, sendo uma paga em
Brasília e a outra em São Paulo. Os pagamentos foram realizados entre
outubro de 2013 e janeiro de 2014.
Os acertos financeiros tinham como objetivo além de
estreitar relações conseguir aprovar propostas de interesse da Odebrecht
no Congresso, como mudanças em medidas provisórias, que tratavam de
medidas de mudança de regime tributária e de concorrência, por exemplo.
O delator contou também que Marcelo Odebrecht pediu que
transmitisse um recado para Michel Temer e que teria procurado Moreira
Franco. “O recado foi que ele teria tido uma reunião com Maria das
Graças Foster, ex-presidente da Petrobras e ela teria perguntado
expressamente a Marcelo Odebrecht quais pessoas do PMDB ele teria
ajudado financeiramente na campanha eleitoral de 2010. Marcelo me disse
que não respondeu a pergunta de Graça Foster, pois “não dizia respeito a
ela a relação dele com o PMDB””, disse.
“Marcelo me pediu pressa na transmissão do recado.
Sabendo da relação que ele mantinha com Michel Temer, procurei Moreira
Franco e contei a ele o relato de Marcelo e, percebendo que era
importante para Marcelo Odebrecht, pedi que ele transmitisse o quanto
antes para Michel Temer”, completou.
O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também é
envolvido, sendo apontado que recebeu R$ 100 mil da Odebrecht para
quitar dívidas de sua campanha à prefeitura do Rio de Janeiro. Maia é
tratado pela empreiteira como Botafogo.
Os políticos negam irregularidades e afirmam que recursos
recebidos ou negociados com Odebrecht se tratam de doações eleitorais
previstas em lei.
No anexo da colaboração, consta a seguinte lista, com nomes e codinomes:
- Michel Temer
- Anderson Dornelles (ex-assessor de Dilma) “LAS VEGAS
- Antônio Brito (deputado) Misericordia
- Arthur Maia (deputado) (Tuca)
- Ciro Nogueira (senador) cerrado // piqui
- Delcídio do Amaral (ex-senador) (Codinome “FERRARI”)
- Duarte Nogueira (deputado) corredor
- Eduardo Cunha (ex-deputado) (Codinome “CARANGUEJO
- Eliseu Padilha (ministro ) Codinome “PRIMO
- Eunício Oliveira (senador) índio
- Geddel Vieira Lima (ex-ministro) Codinome “BABEL
- Gim Argello (ex-senador) Campari
- Inaldo Leitão (deputado) todo feio
- Jaques Wagner (ex-ministro) Codinome “POLO
- José Agripino (senador)_ gripado – R$ 1 milhão que teriam sido solicitados por Aécio Neves.
- Katia Abreu (senador)
- Lúcio Vieira Lima (deputado)
- Marco Maia (deputado_ (gremista
- Moreira Franco (sectretário) (Codinome “ANGORÁ
- Renan Calheiros (senador) Codinome “JUSTIÇA”)
- Rodrigo Maia (deputado)
- Romero Jucá (senador) Codinome “CAJU
- ** Senador Romário ( Foi pedida contribuição para sua campanha, mas a empresa não fez)
- ** Bruno Araújo ( tratamento institucional, sem referências a pagamentos)
- – Adolfo Viana (BA) (“JOVEM”): R$ 50 mil
- Lídice da Mata (BA) (“FEIA”): R$ 200 mil
- Daniel Almeida (BA) (“COMUNA”): R$ 100 mil
- Paulo Magalhães Júnior (BA) (“GOLEIRO”): 50 mil
- Hugo Napoleão (PI) (“DIPLOMATA”): R$ 100 mil
- Jutahy Magalhães (BA) (“MOLEZA”): R$ 350 mil
- Francisco Dornelles (RJ) (“VELHINHO”): R$ 200 mil
- Carlinhos Almeida R$ 50 mil
- João Almeida R$ 500 mil na campanha de 2010
- Rui Costa R$ 10 milhões
- Paulo Skaf - DO JOTA
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