A delação da Odebrecht deve passar como
um rolo compressor por cima de Lindbergh Farias, apelidado de “Feio”,
nas planilhas de negociatas da construtora.
O diretor da empreiteira Leandro Andrade
Azevedo, um dos que vai contar o que sabe, afirma que a construtora
desembolsou cerca de R$ 3,2 milhões em caixa 2 às campanhas do petista
ao Senado, em 2010, e à prefeitura de Nova Iguaçu, em 2008.
As informações são comprometedoras.
Azevedo revela que esteve no gabinete de Lindbergh, em Nova Iguaçu, em
2007, para negociar diretamente com ele e com o marqueteiro Carlos Rayel
valores e formas de pagamento das contribuições não declaradas. Coisa
de R$ 698 mil.
Parte foi paga em dinheiro vivo a Carlos
Rayel, responsável pela campanha à reeleição do então prefeito da cidade
localizada na Baixada Fluminense.
“Os pagamentos foram operacionalizados e
entregues no escritório de campanha de Lindbergh[…] e foram destinados a
remunerar o trabalho de marketing realizado por Carlos Rayel”.
Segundo Azevedo, a generosidade da
Odebrecht com Lindbergh dava-se porque a cúpula da empresa o considerava
um político promissor, com possibilidade de um dia chegar ao Palácio do
Planalto.
Mas, antes mesmo de alçar votações mais
expressivas, a construtora já lucrou pelas mãos do então chefe do
Executivo de Nova Iguaçu.
Durante as tratativas para abrir o caixa,
a Odebrecht soube pelo marqueteiro do petista que Lindbergh iria lançar
o programa Pro-Moradia, bancado pelo Ministério das Cidades.
“De fato, em dezembro de 2007, foi
lançado o edital, apresentamos proposta e vencemos a licitação no valor
de R$ 88 (milhões)”, diz o anexo do executivo.
A concorrência em questão englobava três
lotes de obras. A Odebrecht levou um, enquanto as empresas Carioca
Engenharia e Melo Azevedo arremataram os demais. A Odebrecht, porém,
precisava de uma manobra para lucrar mais. E lucrou, claro.
“Conseguimos, depois de adjudicada a
licitação e assinado individualmente o contrato de cada lote, a
permissão para reunir os três lotes em um contrato só, formando-se um
consórcio entre as três empresas. Isso trouxe considerável vantagem
financeira à companhia, em razão da diminuição de custos indiretos”.
No jogo ilegal do todo mundo ganha,
descrito por Azevedo, Lindbergh se reelegeu e, dois anos mais tarde, era
a vez de ele querer mais. Na ocasião, mirava em uma cadeira no Senado.
Conseguiu, com apoio da Odebrecht, lógico.
O esquema era o mesmo, segundo o
executivo: a empresa pagaria, em dinheiro, os serviços do responsável
pela publicidade da campanha de Lindbergh. Só que, em 2010, o valor era
outro e o marqueteiro também: Duda Mendonça, figura carimbada pelo
mensalão.
A conta daquele ano saiu mais cara, de
acordo com o diretor da construtora: R$ 2,5 milhões. Lindbgerh, mais uma
vez, participou de tudo, segundo Azevedo. DO RADARONLINE
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