terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Dilma foi nocauteada pelo jornalismo independente



No melhor momento da entrevista concedida a Mehdi Hasan, da TV Al-Jazeera, Dilma Rousseff foi finalmente confrontada com a obviedade que está há alguns anos na ponta da língua dos jornalistas independentes. “Alguns dizem que ou você sabia o que estava acontecendo, o que a tornaria cúmplice, ou não sabia de nada, o que te faria uma incompetente”, constatou o repórter, que em seguida quis saber “qual das duas versões era a correta”. Perfeito. Como repete esta coluna desde o começo dos estrondos da Operação Lava Jato, ou Dilma agiu como comparsa ou o Brasil foi governado durante cinco anos por uma inepta sem cura. Não há uma terceira opção.
Tanto não há que a entrevistada ficou mais encalacrada ainda ao caçar argumentos sem pé nem cabeça. “Meu querido, esta é o tipo da escolha de Sofia, que eu não entro nela. Porque não é isso que acontece. Há uma diferença, e há no mundo inteiro, entre um conselho e uma diretoria executiva. Nem todos os membros da diretoria sabiam que aqueles diretores da Petrobras estavam fazendo… é… tinham mecanismos de corrupção e estavam se enriquecendo de outra… de forma indevida”. Fim do vídeo. Está explicado por que o poste de terninho, desde o primeiro dia no Palácio do Planalto, fugiu de entrevistadores sem medo de cara feia como o diabo foge da cruz ou Lula foge de Sérgio Moro.
Ela passou mais de cinco anos driblando jornalistas de verdade alegando “problemas na agenda” que nunca apareciam quando a entrevista era solicitada por blogueiros estatizados, colunistas sabujos, humoristas a favor e repórteres que se impressionavam até com a leitora voraz que esquecia o título e o autor da obra que jurava ter acabado de ler na véspera. Talvez por imaginar que a Al-Jazeera é uma TV palestina (e portanto amiga), a governante aposentada pelo povo protagonizou o desastre parcialmente exposto na gravação acima.
“Você não nega que existiu um escândalo de três bilhões de dólares na Petrobras, que havia corrupção em massa envolvendo a Petrobras, você, claramente, não nega isso”, parte para o ataque o jornalista. “No”, balbucia a carranca levada às cordas pela frase seguinte: “E você nega que integrantes do PT, incluindo o tesoureiro, seu marqueteiro e seu chefe de gabinete, estiveram envolvidos nisso? Dilma capricha na pose de quem prepara um pito daqueles que aterrorizavam Guido Mantega e ergue a voz: “Enquanto não ‘julgares’, enquanto não julgarem, eu não vou julgar. Não é meu papel aqui julgar ninguém, porque eu não vou dizer e não vou…”
O jornalista fecha o cerco e o duelo vira um Brasil e Alemanha:
—  Mesmo pessoas que foram presas e julgadas, como o tesoureiro do PT? — entra na pequena área o artilheiro alemão.
Eu não vou dizer…
— Você não vai comentar?
— Não, eu não…
— Você não tem vergonha do afundamento do PT?”
— Não é essa a questão!
Você não nega que existiu um escândalo na Petrobras.
— Não nego.
— Alguns dizem que, dado o cargo que a você ocupou por um longo período e, depois, como presidente…
— Que eu devia saber?
Foi a deixa para a consumação do nocaute impiedoso relatado no primeiro parágrafo. Ainda grogue, a entrevistada não abriu a boca sobre o fiasco incomparável. Permanecem desconhecidos os efeitos da pancadaria sobre o neurônio solitário. Dependendo dos danos, nem Dilma vai saber se foi cumplicidade, se foi incompetência ou se foi a soma dos dois defeitos de fabricação.DO A.NUNES

 #SanatórioGeral: Boca Mole

Heráclito Fortes exige direitos iguais a todos os parlamentares que apareceram na lista da Odebrecht

“Eu fiquei muito triste. Eu só valia R$ 100 mil, com tudo que eles disseram”
Heráclito Fortes, deputado federal pelo PSB do Piauí, ofendido pela constatação que, além de ter sido apelidado de Boca Mole pela Odebrecht, seu cachê pago pela empresa era inferior ao de Caju, Primo e Caranguejo.


“Para dizer a verdade, eu guardei e nunca usei, eu uso outro tipo de relógio”
Jaques Wagner, ex-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, ao confirmar que ganhou um relógio de presente de aniversário da Odebrecht, informando que é da turma dos que fumam, mas não tragam.DO A.NUNES

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