No pedido de prisão de Eduardo Cunha, o MPF alega que "diversos fatos evidenciaram a disposição de Eduardo Cunha de atrapalhar as investigações, utilizando-se inclusive de terceiras pessoas".
Os procuradores citam:
1) requerimentos no Tribunal de Contas da União (TCU) e Câmara dos Deputados sobre a empresa Mitsui para forçar o lobista Julio Camargo a pagar propina a Eduardo Cunha;
2) requerimentos contra o grupo Schahin, cujos acionistas eram inimigos pessoais do ex-deputado e do seu operador, Lucio Bolonha Funaro;
3) convocação pela CPI da Petrobras da advogada Beatriz Catta Preta, que atuou como defensora do lobista Julio Camargo, responsável pelo depoimento que acusou Cunha de ter recebido propina da Petrobras;
4) contratação da Kroll pela CPI da Petrobras para tentar tirar a credibilidade de colaboradores da Operação Lava Jato;
5) pedido de quebra de sigilo de parentes de Alberto Youssef, o primeiro colaborador a delatar Eduardo Cunha;
6) apresentação de projeto de lei que prevê que colaboradores não podem corrigir seus depoimentos;
7) demissão do servidor de informática da Câmara que forneceu provas evidenciando que os requerimentos para pressionar a empresa Mitsui foram elaborados por Cunha, e não pela então deputada “laranja” Solange Almeida;
8) manobras junto a aliados no Conselho de Ética para enterrar o processo que pedia a cassação do deputado;
9) ameaças relatadas pelo ex-relator do Conselho de Ética, Fausto Pinato (PRB-SP); e
10) relato de oferta de propina a Pinatto, ex-relator do processo de Cunha no Conselho de Ética.MORO DESTACA AMEAÇA DE CUNHA
Ao acatar os argumentos apresentados pelo MPF, o juiz federal Sergio Moro mencionou também os fundamentos utilizados na decisão do STF que determinou o afastamento de Eduardo Cunha do cargo, lembrando ainda o "empenho do ex-deputado para obstar o seu próprio processo de cassação na Câmara".
"Os episódios incluem encerramento indevido de sessões do Conselho de Ética, falta de disponibilização de local para reunião do Conselho e até mesmo ameaça sofrida pelo relator do processo."
CUNHA TAMBÉM É ITALIANO
No pedido de prisão, os procuradores alegaram ainda que a liberdade de Eduardo Cunha "representava risco à instrução do processo, à ordem pública, como também a possibilidade concreta de fuga em virtude da disponibilidade de recursos ocultos no exterior, além da dupla nacionalidade". Sim, Cunha também é italiano.MORO: CUNHA É UM CRIMINOSO SERIAL
Ao explicar o risco existente para a instrução dos processos, Sérgio Moro ressaltou o "caráter serial" dos crimes de Eduardo Cunha, caracterizando o risco à ordem pública.
"Além da ação penal referente a propinas pagas pela compra do campo de Benin, no momento que teve seu mandato cassado, Eduardo Cunha já respondia a outro processo no STF por corrupção e lavagem de dinheiro em fatos relacionados à aquisição de navios-sonda da Petrobras. O ex-parlamentar federal figura em diversas outras investigações relacionadas a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, o que indica que a sua liberdade constitui risco à ordem pública, tendo em vista a reiteração delitiva num contexto de corrupção sistêmica."PRISÃO DE CUNHA: A FICHA CORRIDA
Neste dia da prisão de Eduardo Cunha, O Antagonista faz questão de listar as principais acusações que pesam sobre o ex-deputado:
- Acusado de ter recebido 5 milhões de reais para viabilizar o contrato de navios-sonda pela Petrobras;
- Acusado de ter contas secretas na Suíça;
- Acusado de ter recebido propina do consórcio ligado ao Porto Maravilha para viabilizar recursos do FGTS;
- Acusado de mandar pressionar donos do grupo Schahin para favorecer o doleiro Lúcio Funaro;
- Acusado de alterar a legislação energética para beneficiar Lúcio Funaro e a si mesmo;
- Acusado de interferir nas investigações contra ele no Conselho de Ética;
- Acusado de atrapalhar as investigações da Lava Jato.
Esquecemos alguma? 19.10.16
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