Delírios estatistas e corrupção na quebra da Oi
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EDITORIAL O GLOBO
Num fato para a História, o PT se liga aos três maiores fracassos empresariais do país desde Cabral: Petrobras, Sete Brasil e a ‘Supertele’. Há causas comuns
A
virtual quebra da Oi, sacramentada pelo pedido de proteção judicial,
outro nome de concordata, representa a conversão em pó de delírios
estatistas, expressos no sonho que virou pesadelo de ressuscitar o
espírito da velha Telebras por meio de uma empresa de capital na prática
misto, turbinada com dinheiro público via BNDES (sempre ele), fundos de
pensão de estatais e, mais tarde, com um braço internacional baseado em
Lisboa (Portugal Telecom, Banco Espírito Santo), com extensões na
África de língua portuguesa (Angola, Cabo Verde).
Foi
assim que a Telemar, saída de várias costelas da privatização das teles
regionais do grupo Telebras, com exceção da Telesp, virou a
“Supertele”, em que lulopetistas e a CUT (via fundos de pensão, Previ,
Petros, Funcef ) tiveram grande influência. E certamente benefícios.
Mas, no final, dissabores. A ver se vêm processos.
No
outro lado do Atlântico estavam a família Espírito Santo e o
primeiro-ministro José Sócrates, com quem o próprio Lula manteria
contatos. Implodido o grupo Espírito Santo, num caso de fraudes
financeiras de repercussão mundial, a Portugal Telecom, que no descenso
da ex-supertele veio a ser o maior acionista da Oi, também ruiu.
Sócrates, condenado à prisão em regime fechado e, depois, domiciliar,
volta e meia é citado na imprensa portuguesa como parceiro de Lula no
lado obscuro da proximidade entre a tele dos sonhos lulopetistas, também
dos socialistas portugueses, e da família Espírito Santo.
Neste
roteiro de seriado de escândalo corporativo, circulam o ex-ministro
José Dirceu, trancafiado em Curitiba, como um operador dessa proximidade
entre o partido e portugueses, Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez,
virtual dona da Oi num determinado momento, e apanhado na Lava-Jato.
Não
se sabe se na delação premiada de Otávio haverá algum capítulo sobre a
aventura ultramarina. Ou sobre o patrocínio de Dirceu e dos governos
Lula e Dilma à vinda de portugueses para montar no Brasil um grupo de
comunicação companheiro. Este também não resistiu à debacle de todos.
Restam,
como sempre nessas operações, prejuízos para os contribuintes, via
perdas do BNDES (a Telemar era um dos “campeões nacionais” do banco).
Também para funcionários de estatais, por meio dos prejuízos dos seus
fundos de pensão, e por tabela novamente o Tesouro, onde as empresas
públicas baterão à porta, no socorro aos planos de seguridade dos
empregados. Perdem, ainda, 877 mil pequenos acionistas, além de
investidores internacionais, com os quais deverão micar títulos de
dívida da telecom.
A
Oi se transforma na maior recuperação judicial do país, com uma dívida
de R$ 65 bilhões. Só seria superada se a Petrobras fosse uma empresa
privada, condição em que tomaria o mesmo caminho. Mas a estatal também
socializará seus rombos quando for ao Tesouro, como as demais.
Fica,
então, para a História que o lulopetismo está ligado aos três maiores
fracassos empresariais no Brasil de Cabral até agora, considerando o
estouro da Sete Brasil, outro projeto delirante com o selo do PT, para
substituir a importação de plataformas. Como esperado, gerou propinas,
ineficiência — e um rombo de R$ 19,3 bilhões.22.06.2016 DO R.DEMOCRATICA
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