segunda-feira, 11 de abril de 2016

PSB decide apoiar impeachment e fecha pacto para seus deputados votarem a favor na comissão


Maria Lima - O Globo

 A Executiva nacional do PSB aprovou um documento recomendando suas bancadas a votar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, apesar dos apelos do ex-presidente Lula e do ministro da Advocacia Geral da União (AGU) , José Eduardo Cardozo, para que o partido se mantivesse neutro. Apesar de não fechar questão para os votos em plenário, foi fechado um pacto para que nesta segunda-feira os quatro membros do partido votem a favor da admissibilidade na comissão processante. Quem não quiser votar a favor, será substituído pelo suplente.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que o partido não tem tradição de fechar questão e, embora equivocada, respeita a decisão da minoria que é contra o impeachment, entre eles os senadores Lídice da Mata (BA) e João Alberto Capiberibe (AP).
— Temos relatos de muitos companheiros que estão sofrendo uma pressão muito grande do governo para que o PSB aprove a posição de neutralidade. Mas achamos que um partido político não pode ser neutro diante de tamanha gravidade da situação do país. 
Portanto, a decisão amplamente majoritária é no sentido dos deputados votarem a favor do impeachment na comissão e no plenário. Temos tradição de respeitar as minorias, mas a recomendação é votar sintonizado com as ruas e a sociedade — disse Siqueira.
O líder da bancada, Fernando Coelho (PE), foi instruído a enquadrar o deputado Bebeto (BA), que resiste a votar pelo impeachment hoje na comissão, por suas ligações com o ministro Jaques Wagner. Se ele decidir votar contra, será substituído pelo suplente.
Além de Bebeto, outros três deputados do PSB já anunciaram o voto pelo impeachment na comissão: Fernando Coelho (PE), Danilo Forte (CE) e Tadeu Alencar (PE)
Antes da aprovação do documento na reunião interna da Executiva, Bebeto saiu para telefonar para um interlocutor e avisou:
— Então me retiram e eu crio um fato político — confidenciou o socialista baiano.
Na reunião, Bebeto ouviu um recado duro do vice-presidente Beto Albuquerque.
— Se está pipocando e não tem coragem de votar com o partido, sai que o suplente vota e vai se explicar para as ruas. O pacto é que os quatro votem a favor do impeachment na comissão — disse Beto Albuquerque.
O presidente Carlos Siqueira defendeu veementemente a aprovação do impeachment de Dilma, alegando que ela não tem mais condições de governar e perdeu de forma muito rápida a legitimidade do voto. Mesmo se posicionando contra o impeachment hoje, os senadores Lídice e Capiberibe devem votar com o partido, se o impeachment chegar ao Senado.
— Me agradaria mais se o partido não tivesse se posicionado a favor do impeachment nesse momento. Se for aprovado, vai agravar muito a crise — defendeu a senadora Lídice da Mata.
Além dela e de Capiberibe, se posicionaram contra o afastamento da presidente o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho. O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg se absteve, com o argumento de precisar ter isenção para comandar o esquema de segurança em Brasília, durante a votação. DO JTOMAZ

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