O governo
Dilma já acabou, mas não quer largar o osso, apesar de rejeitado pela
esmagadora maioria da população. Denis Rosenfield alerta, em artigo
publicado no jornal O Globo: "se o impeachment não vingar, o país ruma
para o caos". De fato, "a oportunidade é única. Não podemos perdê-la":
Embora o
governo já tenha acabado, a presidente Dilma, Lula e o PT se agarram por
todos os meios ao poder. Utilizando uma linguagem popular: não querem
largar o osso de forma nenhuma!
Os meios
são os mais diversos possíveis, apesar de terem uma denominação comum: a
ausência de escrúpulos, a falta de pudor e a desconsideração de toda
moralidade. Tudo vale, contanto que o aparelhamento partidário do Estado
seja mantido e os seus “benefícios” conservados.
Os
paparicados de ontem tornam-se os “golpistas” de hoje. A fábrica de
destruição de imagens volta a funcionar a todo o vapor, tendo agora como
alvos prediletos o vice-presidente Michel Temer e o PMDB. A estratégia é
velha conhecida, tendo sido utilizada frequentemente pelo PT. Incapaz
de se defender e de dar conta dos seus atos, volta-se para o ataque,
atribuindo aos outros os seus próprios feitos.
Por
exemplo, culpa o “neoliberalismo” e o “ajuste fiscal” (não realizado,
aliás) por uma crise produzida por ele mesmo, graças a tal da “nova
(vetusta) matriz econômica”, da irresponsabilidade fiscal, da destruição
da Petrobras, do descontrole dos gastos públicos, da tolerância com a
inflação e assim por diante. Em uma curiosa perversão, responsabilizam
os outros por sua própria irresponsabilidade.
O governo
Dilma, o ex-presidente Lula e o PT devastaram a coisa pública,
produzindo um cenário de terra arrasada. A corrupção tornou-se um meio
de governar. Os escândalos mostram milhões e bilhões de reais sendo
apropriados partidária e privadamente em conluio com empreiteiras
inescrupulosas. O discurso, no entanto, é o de que, se corrupção há,
seria igual em todos os partidos. A lama é atirada em todos para
justificar a sua própria sujeira. E, embuste maior, a crise atual teria
como responsável o “capitalismo” e a “direita”!
O país
ruma para a crise social, com o desemprego aproximando-se de dez milhões
de pessoas, em curva ascendente, a inflação próxima de dois dígitos e
uma quebra geral de expectativas. A dita classe média ascendente, que
acreditou na ficção política petista, está sendo arremessada de volta à
sua condição anterior. Saborearam a mudança e, agora, tudo perderam. E
qual é o discurso: o PT defende os pobres e o emprego! Haja cinismo!
Politicamente,
o governo continua em seu persistente esforço de dividir o PMDB e de
destruir a coesão de qualquer partido que se interponha em seu caminho. A
hegemonia petista não permite nenhuma alternativa partidária.
Com a
abandono amplamente majoritário do PMDB, com alguns fisiológicos mais
extremados ainda resistindo, o governo Dilma partiu para uma
“repactuação”. Nome bonito que significa apenas uma negociação ainda
mais imoral com o baixo do baixo clero dos partidos, que ainda pretendem
saquear um pouco mais os cofres públicos. Seria a sua última chance! É a
fisiologia em estado puro, sem nenhum disfarce. Haja falta de vergonha!
Ideologicamente,
a narrativa petista é a de “resistência ao golpe”, que é nada mais do
que uma preparação para a passagem sua à oposição, caso, como tudo
indica, o impeachment vingue. O desrespeito à Constituição é manifesto,
pois o impeachment é um instituto constitucional. Aliás, o próprio PT
saudou o rito deste instituto quando estabelecido pelo Supremo. No
passado, defendeu o impeachment do ex-presidente Collor e propôs o
impeachment do ex-presidente Fernando Henrique. Para eles, a
Constituição é somente um papel descartável, cuja serventia depende
unicamente do seu uso partidário.
Considere-se,
contudo, a possibilidade de que o governo, em seu afã de sobrevivência e
falta de escrúpulo com a coisa pública, consiga um quórum que lhe
permita se salvar do impeachment. Imaginem a seguinte situação: graças
às suas manobras fisiológicas e outras, o governo teria conseguido
impedir que as oposições reúnam os 342 votos necessários, tendo chegado a
340.
Qual
seria a legitimidade de um governo deste tipo? Como poderia governar?
Como seria capaz de tirar o país do buraco em que ele mesmo o colocou?
O amanhã
seria de mais crise econômica, mais fisiologismo e corrupção, mais
desemprego, mais indignação moral e, talvez, convulsão social. A crise,
em suas mais diferentes facetas, só se acentuaria.
O governo
Dilma, para além de sua incompetência, foi incapaz de reconhecer os
seus próprios erros. O PT, aliás, tem como único mote a sua repetição.
Até o ex-presidente Lula, que teve um primeiro mandato sensato do ponto
de vista econômico, adotou a mesma bandeira do descalabro fiscal e de
destruição das instituições. Hoje teme a prisão, assim como vários de
seus companheiros.
Se o impeachment não vingar, o país ruma para o caos.
Abre-se,
porém, uma oportunidade, a de que o impeachment seja uma operação
bem-sucedida, com deputados e senadores voltados para um bem maior que é
o país. O desafio diante de nós seria enorme: tirar o Brasil do
precipício no qual se encontra.
Trata-se
de uma saída constitucional, que preservaria nossas instituições e
oferecia aos cidadãos uma real alternativa, não apenas de poder, mas,
sobretudo, de futuro. Urge que o país entre em um processo de
pacificação e de unificação nacional. O governo atual já se mostrou
claramente incapaz de um empreendimento deste tipo. Se ainda procura
resgatar esse discurso, é apenas para encenar um fiapo de credibilidade.
Em caso
de impeachment, assumiria o vice-presidente, que tem afirmado
reiteradamente o seu compromisso com as instituições, com o
prosseguimento da Lava-Jato e com um projeto de transformação do país,
baseado, precisamente, em um grande pacto nacional.
Isto
significa que todos os partidos deveriam ser chamados para colaborar com
esse projeto de reunificação nacional. Todos os que ainda estiverem
presos aos “cargos” e às suas "benesses" deveriam ser deixados pelo
caminho, pois escolheram o passado — que está passando rapidamente!
A oportunidade é única. Não podemos perdê-la! DO O.TAMBOSI
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