Note-se: os depósitos em questão aconteceram durante a gestão Dilma. Por mais que a presidente ache que dá para voar nas asas da “mosquita”, ignorando o escândalo, este insiste em se agitar e em fazer barulho no armário.
O
cerco está se fechando. O marqueteiro João Santana, consta, está
voltando para o Brasil. Há algumas possibilidades para ele, a saber: a)
demonstrar que a conta que recebeu US$ 7,5 milhões no exterior não é
sua; b) evidenciar que as empresas que repassaram US$ 3 milhões desse
total não têm vínculo nenhum com a Odebrecht; c) deixar claro que os
outros US$ 4,5 milhões não saíram de contas do lobista e pagador de
propina Zwi Skornick.
E, bem…,
sempre há a possibilidade de admitir que é tudo verdade — a conta é
mesmo sua e aquelas são as fontes pagadoras —, mas que nada se fez ao
arrepio da lei. Afinal, ele teria efetivamente prestado serviço a essas
empresas. Mas quais?
Santana é
um portento da multiplicação da riqueza. Em 2004, o patrimônio declarado
por ele e por sua mulher, Mônica, era de R$ 1 milhão. Dez anos depois,
saltou para R$ 78,6 milhões. Isso é que é profissional bem pago! E olhem
que ele não produziu nesse tempo um miserável parafuso — nem parafuso
intelectual, diga-se. O que ele fez foi produzir narrativas para o
petismo que levaram o eleitorado a acreditar uma vez em Lula e duas
vezes em Dilma. Deu no que deu.
Sua fama
atravessou fronteiras e serviu a outros políticos da América Latina,
sempre afinados com o PT. Uma das saídas é tentar demonstrar que essa
dinheirama toda que entrou em sua conta decorre desses trabalhos no
exterior, mas aí é preciso saber por que são aquelas as fontes
pagadoras.
Isso tudo
já passou há muito do limite do tolerável. Os advogados busquem os
caminhos que lhes facultar a lei para tentar suspender imediatamente a
prisão provisória de Santana e sua mulher, Mônica, e para provar que o
que parece não é. Mas eu insisto que há uma diferença entre a lógica da
vida e a dos tribunais.
No
comunicado em que renuncia à campanha eleitoral que coordenava na
República Dominicana, ele denuncia a existência de um “clima de
perseguição” no Brasil. Eu mesmo já apontei aqui medidas atrapalhadas ou
mesmo atrabiliárias da Lava Jato. Quanto, no entanto, o marqueteiro de
três campanhas petistas recebe US$ 7,5 milhões de duas fontes
investigadas pela Lava Jato, ambas com contratos com a Petrobras, e
quando não há nenhuma razão conhecida para que tais pagamentos tenham
sido feitos, é de perseguição que se fala? A acusação, nesse caso, chega
a ser ridícula.
Note-se:
os depósitos em questão aconteceram durante a gestão Dilma. Por mais que
a presidente ache que dá para voar nas asas da “mosquita”, ignorando o
escândalo, este insiste em se agitar e em fazer barulho no armário. O
passado bate à porta do PT.
Já
aconselhei Dilma a renunciar ao mandato, saindo, de algum modo, menos
lanhada dessa história toda com o peso nas costas das lambanças fiscais.
Mas ela insiste em ficar. E os subterrâneos da campanha do petismo
começam a ameaçá-la.
Nesta
terça, Rui Falcão, gênio da raça petista, teve uma ideia: resolveu dizer
que o PT já fez a sua prestação de contas e que não tem nada a ver com
as finanças de João Santana.
Vai dar
certo? Bem, é claro que não! O PT vai ter de responder por suas
escolhas. O Brasil já não engole mais as suas falcatruas.
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