O texto a seguir é a íntegra do editorial do jornal O Estado de S. Paulo.
Numa sala daquele grande prédio no bairro Limão, em São Paulo, que
abriga o Estadão, ainda restam alguns jornalistas que sabem escrever e
dizer a verdade. Todavia, com a Lei da Mordaça sancionada pela Dilma, decerto daqui para frente a seção dos editoriais poderá ser ocupada pela editoria de gastronomia.
O
editorial em destaque diz respeito a uma cartilha editada pelo PT, por
meio da qual essa agremiação dirigente do Foro de São Paulo tenta fazer
crer que uma tomada elétrica é o mesmo que um focinho de porco. Em
outras palavras, o PT tenta se salvar e sai atirando ferozmente contra
tudo e contra todos, particularmente contra a Operação Lava Jato, o Juiz
Sergio Moro, o Ministro do STF Gilmar Mendes. Obviamente sabe o PT que
seus desafetos não irão se valer da Leia da Mordaça, como o editor deste
blog e demais jornalistas de verdade não farão se lhes chamarem de
feios. Sim, porque não teria cabimento fazer uso de uma lei espúria que
todos os verdadeiros democratas e defensores da liberdade de imprensa
deploram. E isto já é o suficiente para comprovar que a censura à
imprensa foi restaurada no Brasil sob reinado petista. Todavia, difícil
no entanto é calar 90% da população brasileira.
Enquanto a editoria de gastronomia do Estadão não sequestra a seção dos editorais, aproveite para ler:
ARREGANHOS DO DESESPERO
Enquanto
Lula corre contra o tempo e age nos bastidores na tentativa de
convencer Dilma a adotar uma “nova política econômica” que preserve o
potencial eleitoral do PT – quer dizer, dele próprio –, seu partido
decide, a pretexto de se defender, partir para o ataque a tudo e a todos
que representam ameaça a seu projeto de poder. Recorrendo ao velho
hábito de usar as palavras para obter efeito exatamente contrário ao que
elas significam, a direção nacional do partido está distribuindo
milhares de cópias de um texto intitulado Em defesa do PT, da Verdade e
da Democracia, que já é mentiroso a partir do título porque não defende
coisa alguma. Ao contrário, dedica-se, em suas 34 páginas, a atacar
ferozmente a Operação Lava Jato, o juiz Sergio Moro, o ministro do STF
Gilmar Mendes, os tucanos, a imprensa, acusando a todos de, com base em
óbvias mentiras, estarem empenhados numa campanha para “eliminar o
partido da vida pública brasileira”.
O
PT chegou ao poder mitificando sua identificação com os pobres e os
estratos sociais marginalizados da vida econômica, de modo a, por meio
de marota simbiose, compartilhar o papel de vítima numa sociedade
dominada por opressores perversos, as famosas elites. E foi assim que
ressurgiu – exumado dos despojos da luta de classes retratada pela ótica
do marxismo-leninismo – o argumento central do discurso lulopetista, o
do “nós” contra “eles”. Um discurso que não mudou nem com a ascensão de
Lula à Presidência e que, como se vê, é revigorado no momento em que o
PT, tendo malogrado na tentativa de criar o Paraíso na Terra com seu
voluntarismo vesgo, percebe toda a extensão de sua vulnerabilidade
política, social e, acima de tudo, moral.
É
hora, portanto, de dramatizar o papel de vítima exposta à sanha
demolidora daqueles que “mentem sob a proteção da toga, nos mais altos
tribunais, afrontando a consciência jurídica da nação em rede nacional
de TV. Mentem sob a impunidade parlamentar, disseminando o ódio nas
redes sociais. Mentem sob a proteção da autonomia funcional, forjando
procedimentos investigatórios sem base alguma, apenas para produzir
manchetes”.
O
tom do documento é patético. Essa chamada “cartilha” destinada a
fornecer argumentos à militância petista na áafirma que “desde a
campanha eleitoral de 2014 adversários escolheram as investigações da
Operação Lava Jato para insistir em criminalizar” o PT, com o objetivo
de “cassar o registro do partido” por temerem “a quinta derrota
consecutiva nas eleições”. Como se a vitória petista nas eleições
municipais do próximo ano e na presidencial de 2018 fosse favas
contadas.
Descontados
os exageros que devem ser debitados ao desespero, concretamente
motivado pela decadência do apoio popular ao PT, não se pode relevar a
gravidade do flagrante desrespeito às instituições democráticas embutido
no discurso da liderança petista. Sente-se o PT, com sua vocação
autoritária, no direito de julgar o Poder Judiciário de acordo com suas
próprias conveniências, chegando ao absurdo de afirmar que seus
dirigentes que respondem a denúncias de corrupção têm sido condenados
“sem provas”. Disseram isso por ocasião do julgamento do mensalão e
repetem agora. Ora, se é o PT quem sabe quais culpas resultam provadas
ou não perante os tribunais, para que servem os tribunais? Seria, então,
o caso de o partido que está no governo criar um comissariado para
substituir um dos Três Poderes da República, integrado por magistrados
incompetentes ou mal-intencionados que não sabem distinguir inocentes de
culpados?
Para
o PT está tudo errado no trabalho dos delegados, procuradores e juízes
federais – em especial Sergio Moro, a personificação de Satanás –,
porque os petistas pegos com a boca na botija estão sendo mandados para a
cadeia. E tudo isso é consequência – ataca o PT – da forma como
procuradores, delegados e juízes manipulam a “autonomia funcional de que
dispõem”. Em sua enorme soberba e arrogância, os sobas petistas creem
que, só pelo fato de estarem no poder, tudo podem e jamais deveriam ser
contrariados por “subalternos”. Subestimaram a força de instituições
enraizadas na consciência democrática da Nação. DO ALUIZIOAMORIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário