A declaração foi dada uma semana depois que o PSDB rompeu com Eduardo Cunha e passou a tomar frente da pressão pelo afastamento dele do comando da Casa. Alegando, oficialmente, não estarem convencidos sobre as explicações dadas pelo peemedebista acerca das denúncias de envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras, os tucanos romperam com Cunha motivados também pela irritação com a demora sobre o posicionamento acerca do impeachment de Dilma.
Acusado pela Procuradoria-Geral da República de envolvimento no petrolão e alvo de um processo que pode resultar em sua cassação, Cunha vinha negociando com governo e oposição para se manter no cargo - como presidente da Casa, ele tem a prerrogativa de decidir sozinho sobre o andamento dos pedidos de impeachment. Ao passo que a oposição rompeu com o peemedebista, as negociações de Cunha com o Planalto esquentaram.
Ao negar as especulações de que a decisão ficaria somente para 2016, ele foi taxativo: "Eu não falei isso para ninguém. Com certeza absoluta será decidido neste ano. Não tem nada que ficar para 2016, tanto que essa semana eu decidi quatro [pedidos], e decido mais provavelmente hoje ou segunda. Não há nenhuma mudança em relação a isso", disse.
Nesta quinta-feira, o peemedebista foi vaiado em plenário por deputados que condenaram as manobras de seus aliados para barrar os trabalhos no Conselho de Ética, que o investiga. Aos gritos de "vergonha" e "Fora, Cunha", a sessão acabou esvaziada e foi concluída sem a votação de uma medida provisória. O presidente da Câmara, ao comentar o episódio, atacou o PT: "Os meus adversários querem, aos gritos, tentar obter depois da eleição aquilo que não obtiveram. Tem uns do PT que afirmam que tentam o golpe contra eles, mas tentam dar o mesmo golpe", disse.
Sobre o episódio, Cunha afirmou que a "Casa não vai ser conduzida debaixo de grito" e que declarou que há uma "série de irregularidades" em seu processo que podem ser alvo de recursos no próprio âmbito legislativo ou no Supremo Tribunal Federal. "Houve violações regimentais e cerceamento de defesa", disse, repetindo críticas sobre o relator do processo no Conselho de Ética, Fausto Pinato (PRB-SP), e a condução dos trabalhos no Conselho de Ética. "Para mim, a decisão do plenário é absolutamente irrelevante. Tudo que iria acontecer ou deixaria de acontecer seria facilmente derrubado pelas aberrações que foram feitas desde o início da manhã", continuou. Cunha negou ter ficado constrangido nesta quinta-feira e creditou o episódio a um "processo político" comandado por opositores. "Já estou vivenciando esse processo há um tempo e nada disso vai mudar meu comportamento", afirmou.DA VEJA
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