sexta-feira, 13 de março de 2015

CUT e Cia. salvam a Petrobras de sujeito oculto

A defesa da Petrobras é um dos principais motes das manifestações promovidas nesta sexta-feira pela CUT e seus aliados sociais. Deseja-se defender a estatal contra a ação deles. Fala-se muito “deles”… deles… deles.” Todo mal da Petrobras é culpa “deles”. A estatal está sendo destruída por “eles”. Falta aos protestos alguém que tome de assalto o megafone e grite uma singela pergunta: “Quem são eles?”

Muitos manifestantes talvez parem, travados. Quem são eles? Ora, eles são os outros, esses seres impalpáveis, responsáveis por tudo. Eles podem ser os corruptos, os corruptores, os neoliberais tucanos, o capital financeiro internacional, o procurador Janot, a mídia golpista… Eles são todos, menos a “esquerda'' e o “governo democrático e popular do PT''.
Na Petrobras, o dinheiro saiu pelo ladrão porque os ladrões entraram nos cofres da estatal. Quem abriu a porta do galinheiro para os diretores indicados pelas raposas do PT, PMDB e PP foi Lula. Quem vigiava o poleiro era Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Supremo paradoxo: em Salvador, José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, estrelou a manifestação desta sexta-feira. Foi sob Gabrielli que a ação partidária na estatal potencializou-se. Em fevereiro de 2012, Gabrielli falou sobre o fenômeno no programa Roda Viva (aqui).
A certa altura, perguntaram-lhe por que os políticos cobiçavam diretorias da Petrobras. E Gabrielli: “Nós estamos numa democracia, meus senhores e minhas senhoras. Numa democracia em que os partidos são legítimos, em que os partidos representam o interesse do povo brasileiro. Ou vocês querem negar o direito dos partidos?”
Democracia partidária na Petrobras? “Vocês querem negar o direito dos partidos. A democracia exige partidos. Muito mais importante ter partidos do que não ter, do que ter uma ditadura.” Alguém lembrou a Gabrielli que ele presidia uma estatal de capital aberto, com ações na Bolsa. Outro entrevistador repetiu que havia gente indicada por Collor na companhia.
“O senhor Collor de Mello é senador eleito”, justificou-se Gabrielli. “Eu discordo da política dele, mas esse é outro problema. Ele é legitimamente eleito.” Ante a insistência dos entrevistadores —qual é o interesse dos partidos na Petrobras?—Gabrielli soou assim:
“Os partidos participam da gestão do Estado. Isso é parte da prática democrática. Isso é parte da democracia. Os partidos são legítimos. Nós podemos discordar. Eu discordo. Você sabe que eu sou um homem de partido. Eu discordo de alguns partidos, mas é legitima a existência dos partidos. Querer que não existam partidos é autoritarismo. Pode ser um déspota esclarecido, mas é um déspota.”
Nomeado sob Lula, Gabrielli só foi substituído por Dilma em 2012, segundo ano de sua primeira gestão. Saiu sob elogios pelos serviços prestados. Já nessa época, o petista Gabrielli não era um bom exemplo. Pior: era um extraordinário aviso. Não viu quem não quis. Agora responda rápido: quem são eles? DO JOSIASDESOUZA

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