domingo, 8 de fevereiro de 2015

Datafolha 1 – Só 23% aprovam governo Dilma, 44% o rejeitam; para 54%, presidente é desonesta, além de falsa. Mas ela foi apagar velinha do PT, junto com Lula, na festa em que Vaccari brilhou. Só não é o Baile da Ilha Fiscal porque não há mar em BH e porque D. Pedro 2º era um homem honrado

Olhem esta foto, de Ricardo Bastos, do “Hoje em Dia”.

Dilma, Lula e Rui Falcão sopram as velinhas dos 35 anos do PT; à esquerda, José Nobre, o líder do governo na Câmara. É aquele cujo assessor usava a cueca como casa de câmbio...
Dilma, Lula e Rui Falcão sopram as velinhas dos 35 anos do PT; à esquerda, José Nobre, o líder do governo na Câmara. É aquele cujo assessor usava a cueca como casa de câmbio…
Agora vejam o gráfico com a popularidade da presidente Dilma, segundo dados de pesquisa Datafolha, publicados na Folha Online  e que devem ser detalhados na edição do jornal deste domingo.
Avaliação - Dilma 2.2015
É claro que poderia ser ainda pior para a presidente… Sempre pode. Ela, no entanto, atingiu o seu pior. Dilma tem hoje apenas 23% de ótimo e bom, contrastando com 44% de ruim e péssimo. É uma devastação. Nem nos momentos extremos da crise de 2013 ela chegou tão baixo. O saldo negativo é de espantosos 21 pontos. A raiz do problema? A roubalheira.
O prefeito Fernando Haddad (PT) — haverá um post só pra ele — e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) — idem — também veem cair sua popularidade: o tucano está com 38% de ótimo e bom e com 24% de ruim e péssimo, e o petista com 44% de ruim e péssimo e 20% de ótimo e bom. Daí que me pareça desafiar os fatos e o bom senso a afirmação que faz Marcelo Leite na Folha, a saber: “A queda abrupta de popularidade arrasta a presidente Dilma Rousseff (PT), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), juntos, para a vala comum da rejeição”. Leite ache o que quiser, mas é bobagem. Os números provam.
“Vala comum” é vala comum, não é? Os cadáveres não se distinguem. Dilma certamente trocaria seus 23% de ótimo e bom e 44% de ruim e péssimo pelos apenas 24% de ruim e péssimo e 38% de ótimo e bom de Alckmin, não é, Leite? Mas garanto que o tucano não aceitaria o convite. Da mesma sorte, o prefeito permutaria os seus apenas 20% de ótimo e bom e 44% de ruim e péssimo com os índices do governador. Mas, de novo!, acho que o tucano não toparia. As palavras fazem sentido. Se Leite diz que os três estão na “vala comum”, tanto faz ser rejeitado por 44% ou por 24%; não há diferença entre ser aprovado por 20%, 23% ou 38%. Quando uma opinião contraria a matemática, é o caso de fazer um “erramos”. Mas sigamos adiante. Publico também os gráficos referentes a Alckmin e Haddad, mas escreverei posts específicos sobre cada um.
Avaliação - ALckmin 2.2015
Avaliação - Haddad 2.2015
Corrupção
Dilma foi eleita faz três meses. Não vi a edição impressa do jornal e não sei se o Datafolha, desta feita, fez aquela “pesquisa-recall” que já fez com Alckmin. Três semanas depois da eleição, o instituto quis saber se ele ainda seria reeleito. Seria. No primeiro turno. Não se fez o mesmo em relação a Dilma. Acho que, hoje, ela não seria reeleita.
A resposta a algumas perguntas dá as pistas. Apesar do descalabro, a corrupção ainda não aparece em primeiro lugar entre os problemas, segundo os entrevistados: a saúde está na ponta, com 26% das citações. A roubalheira vem em segundo lugar: 21%. Mas esperem. Há pouco mais de três meses, os hospitais públicos já não eram tão miseráveis como hoje, e o atendimento, uma lástima? Sim! Mas o que já é muito ruim fica parecendo muito pior quando as pessoas sabem que estão sendo assaltadas de maneirainédita, como “nunca antes na história deste país”, para lembrar o chavão de Dom Lulone, o Poderoso Chefão do PT.
Datafolha - Problemas 1
Pois é. Afirmam ter tomado conhecimento das informações do petrolão 86% dos entrevistados, e 30% se dizem bem informados. Avaliam que a presidente sabia da roubalheira 77%; 52% consideram que ela sabia e deixou rolar; só 25% acreditam que, sabendo, ela nada poderia ter feito. Magros 14% a tomam como a pomba lesa, que a tudo ignorava. Inexpressivos 8% opinam que a corrupção é irrelevante para a estatal, contra 82% que concluem o óbvio: a empresa está sendo prejudicada — para 45%, um malefício que vai durar muito tempo, pondo em risco o futuro da gigante decadente.
Datafolha - Problemas 2
Estelionatos
Não é só a corrupção a manchar a reputação da presidente. A sua impressionante coleção de estelionatos eleitorais também está pegando. Seis em cada dez entrevistados afirmam que Dilma mentiu na campanha eleitoral: 46% opinam que ela disse mais mentiras do que verdades, e 14%, só mentiras. Quando a governanta foi reeleita, só 6% acreditavam que a sua própria situação econômica iria piorar; agora, são 23%.
Desonesta
Até havia pouco, a imagem pessoal de Dilma era um tanto descolada dos desastres de seu governo. Eu mesmo cansei de ouvir, em todas as camadas sociais: “É, ela não é boa, mas é honesta”. A pesquisa detecta um outro sentimento: Dilma é desonesta, além de falsa, para 54%; 50% a tomam por indecisa. Entre os petistas, 15% apontam desonestidade, e 19%, falsidade.
De volta ao bolo
E olhem que os dissabores da operação Lava Jato, até agora, só atingiram os empreiteiros, apontados pela imprensa, pela Justiça e pelo Ministério Público como os grandes vilões. Ainda falta a cota que cabe aos políticos. Há quem diga que, nesse caso, a carga sobre os ombros de Dilma vai diminuir. Pois é… Acho que vai aumentar.
Ainda não li a edição impressa do jornal e não sei se há lá mais dados para satisfazer a minha curiosidade. Seria interessante saber se a população, hoje, aprovaria o impeachment da presidente — sempre lembrando que, se a deposição atingir também o vice antes de dois anos, a Constituição exige que se realizem novas eleições em 60 dias. Também gostaria de saber se Dilma seria reeleita caso a disputa fosse hoje.
Dilma apagando velinha nos 35 anos do PT, ao lado de Lula, com João Vaccari Neto na plateia? Não é o Baile da Ilha Fiscal porque não há mar em Belo Horizonte e porque, afinal, Dom Pedro 2º era um homem honrado.
Por Reinaldo Azevedo-REV VEJA

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