Mário Goes, segundo o delator Pedro Barusco,
atuava como operador das empresas UTC, MPE, OAS, Mendes Júnior, Andrade
Gutierrez, Schahin, Carioca e Bueno Engenharia
SÃO PAULO - O consultor Mário Goes, apontado como um dos
operadores do esquema de pagamento de propina dentro da Petrobras, se
apresentou neste domingo à Superintendência da Polícia Federal (PF) em
Curitiba. Ele teve a prisão preventiva decretada na última quinta-feira,
pela Justiça do Paraná, e era considerado foragido desde então. Na
ocasião, dentro da nona fase da operação Lava-Jato, a PF tentou cumprir
mandado de prisão contra Goes no Rio, mas ele não foi localizado.
De acordo com a assessoria de comunicação da PF em Curitiba,
Mário Goes se apresentou pouco antes do meio-dia e foi encaminhado para
a carceragem do órgão. Ele não havia sido ouvido até o fim da tarde
deste domingo.
Segundo
o delator Pedro Barusco, ex-gerente executivo da Petrobras, Goes atuava
como operador das empresas UTC, MPE, OAS, Mendes Júnior, Andrade
Gutierrez, Schahin, Carioca e Bueno Engenharia. Mário Goes, de acordo
com Barusco, lhe entregava regularmente mochilas com valores entre R$
300 mil e R$ 400 mil, que ele buscava pessoalmente na residência do
consultor, na Estrada das Canoas, em São Conrado.
Goes é um dos onze operadores citados em uma planilha de
Barusco que atuaram em 87 obras da estatal. Juntas, essas obras somaram
R$ 47 bilhões no Brasil e US$ 11 bilhões em contratos no exterior. Em
depoimento ao Ministério Público, o ex-gerente executivo da Petrobras
disse que as propinas variavam entre 1% e 2% dos valores dos contratos
firmados entre 2003 e 2014 na Petrobras e eram divididas entre partidos e
dirigentes da estatal.
Barusco disse que Mário Goes, seu amigo há 15 anos, tem uma
empresa chamada Rio Marines há pelo menos 20 anos e é engenheiro naval.
Segundo o ex-gerente executivo da Petrobras, a propina em nome de várias
construtoras no Brasil e no exterior muitas vezes era paga por Goes em
dinheiro vivo.
O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca,
que transportava dinheiro do doleiro Alberto Youssef, já havia citado um
homem chamado Mário em seu depoimento e a localização da casa dele, mas
não indicou o sobrenome do consultor.
O policial, na ocasião, disse: "Levei dinheiro do Youssef
para uma pessoa chamada Mário, que trabalha com navios off-shore.
Entreguei para ele no escritório, próximo à UTC, e na casa dele, em São
Conrado. Passando pela Rocinha, antes de sair de São Conrado, pega à
direita na padaria. É um condomínio que fica à esquerda, na casa 2. Fui
lá umas duas vezes".
Na planilha de Barusco, é possível identificar quem em cada
empresa ficou responsável por negociar o esquema de corrupção com os
dirigentes da Petrobras. Parte das pessoas citadas está presa na
carceragem da PF em Curitiba desde novembro. A planilha ainda detalha o
percentual de propina em cada obra, e a quem o dinheiro foi destinado.
O alvo da Polícia Federal na nona fase da Operação Lava-Jato
é a BR Distribuidora, além da Diretoria de Serviços da Petrobras, que
era comandada pelo ex-diretor Renato Duque. Em Santa Catarina foi
identificada a empresa Arxo, de grande porte, fabricante de tanques de
combustíveis e caminhões para abastecimento de aeronaves, que teria sido
usada para distribuição de propina e lavagem de dinheiro no esquema da
distribuidora. DO O GLOBO
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