Fui
parodiando ou listando títulos de livros do esquerdista Gabriel García
Márquez, morto no ano passado. Foi-se o último comuna de butique
alfabetizado. O escritor colombiano se tornou notável pelo chamado
realismo mágico, que tanto encantou a crítica europeia. Sempre pareceu à
intelectualidade do Velho Mundo que aquela soma de irracionalidade,
sensualismo, violência e fetichismo era a cara da América espanhola. O
Brasil, de herança portuguesa, fica um pouco fora desse registro.
Mas agora
não mais. A escolha de Aldemir Bendine, que já chegou a ser um virtual
demitido do Banco do Brasil há quatro meses, para presidir a Petrobras
dá conta, a um só tempo, da estupidez política de Dilma, de sua solidão
e, não é menos verdade, de seu espírito autoritário.
As ações
da empresa despencaram. Aliás, Bendine é o grande seca-pimenteira de
ações de estatais. Quando foi escolhido para o BB, os papéis do banco
caíram mais de 8%. Enquanto escrevo, as da petroleira mergulharam mais
6% — isso depois de uma sequência de desastres.
Queriam o
quê? Ele foi escolhido porque é petista. E só. É um agrado que Dilma faz
a alguns setores do partido. É como se, à beira do abismo, a
companheirada se agarrasse à estatal, deixando claro que, se afundar,
leva a empresa junto.
A má
notícia não vem desacompanhada. O “sócio controlador”, que é o governo,
confirmou, entre outros, os seguintes nomes para o Conselho, uma
verdadeira plêiade de patriotas: Guido Mantega, Maria das Graças Foster,
Luciano Coutinho e Miriam Belchior. Ah, sim: Mantega preside. Vocês
acham o quê? Exceção feita a Coutinho, cuja alma talvez possa se salvar
depois de muita contrição, os outros têm uma bela história de
incompetência e desastres em suas respectivas áreas de atuação.
Levy perde
Mais: a nomeação de Bendine deixa claro que Joaquim Levy, o ministro da Fazenda, está podendo bem menos do que supõem alguns nefelibatas. Está na cara que Dilma está jogando nos seus ombros a conta do ajuste recessivo da economia, fazendo com que encarne o demônio — e alguns liberais acham intelectualmente divertido esse papel —, mas não está disposta a dividir com ele aquilo que considera realmente importante.
Mais: a nomeação de Bendine deixa claro que Joaquim Levy, o ministro da Fazenda, está podendo bem menos do que supõem alguns nefelibatas. Está na cara que Dilma está jogando nos seus ombros a conta do ajuste recessivo da economia, fazendo com que encarne o demônio — e alguns liberais acham intelectualmente divertido esse papel —, mas não está disposta a dividir com ele aquilo que considera realmente importante.
Bendine
não conseguiu explicar até hoje um empréstimo de R$ 2,7 milhões que o BB
concedeu a Val Marchiori, a Valdirene, amiga íntima do presidente. Ela
chegou, aliás, a participar de eventos como contratada da área de
marketing do banco — ou algo assim… Entendo! Se há uma figura no país
que agasalha o trabalho duro e o empreendedorismo, é a Valdirene.
A moça não
se fez de rogada e já tornou pública sua mensagem a seu amigo íntimo,
onde se percebe até certo patriotismo jacobino: “Desejo sorte ao novo
presidente da Petrobrás! Que ele consiga restabelecer a confiança de nós
brasileiros na instituição com a qual hoje estamos decepcionados”. Mal
posso esperar para ver Val, a mulher rica, segurando uma mangueira dos
postos Petrobras, indicando que o Brasil mudou de fase, entrando na era
do socialismo socialite.
É o outono do PT. Essa é a única boa notícia.
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