José Carlos Bumlai, com Lula (foto da revista Veja) |
Um dos
grandes pecuaristas do país, José Carlos Bumlai conta que visualizou em
sonho sua aproximação com Luiz Inácio Lula da Silva, quando ele era
apenas aspirante à Presidência. Com a ajuda de um amigo comum, Bumlai
conheceu o petista e o sonho se realizou. O pecuarista tornou-se íntimo
de Lula. O sonho embutia uma profecia que ele só confidenciou a poucos: a
aproximação renderia excelentes resultados para ambos. Assim foi. Lula
chegou ao Planalto, e Bumlai, bom de negócios, bem-sucedido e rico,
tornou-se fiel seguidor do presidente, resolvedor de problemas de toda
espécie e, claro, receptador de dividendos que uma ligação tão estreita
com o poder sempre proporciona. No governo, só duas pessoas entravam no
gabinete presidencial sem bater na porta. Bumlai era uma delas. A outra,
Marisa Letícia, mulher de Lula.
Desde
2005, sabia-se em Brasília que Bumlai também tinha delegação para tratar
de interesses que envolvessem a Petrobras. Foi ele, por exemplo, um dos
responsáveis por chancelar o nome do hoje notório Nestor Cerveró, um
desconhecido funcionário da estatal, para o posto de diretor
internacional da empresa. Em sua missão de conjugar interesses públicos e
privados, Bumlai tinha seus parceiros diletos, aos quais dedicava
atenção especial. Não demorou para que começassem a chegar ao governo
queixas de empresários descontentes com “privilégios incompreensíveis”
concedidos aos amigos do amigo do presidente.
Uma das
reclamações mais frequentes envolvia justamente a Petrobras e uma
empreiteira pouco conhecida até então, a UTC, que de repente passou a
assinar contratos milionários com a estatal, ao mesmo tempo em que
surgia como uma grande doadora de campanhas, principalmente as do PT.
Gigantes da construção civil apontavam Bumlai como responsável pelos
“privilégios” que a UTC estava recebendo da Petrobras. Hoje, a escalada
dos negócios da UTC é uma peça importante da Operação Lava-Jato, que
está desvendando o ultrajante esquema de corrupção montado no coração da
estatal para abastecer as contas bancárias de políticos e partidos. A
cada depoimento, a cada busca, a cada prova que se encontra, aos poucos
as peças vão se encaixando. A última revelação pode ser a chave do
quebra-cabeça. Bumlai, o amigo íntimo do ex-presidente que tinha entrada
livre ao Palácio do Planalto, está envolvido até o pescoço no escândalo
de corrupção montado na Petrobras durante o governo petista. Do site da revista Veja
DO ALUIZIOAMORIM
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