“Os
deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir.” Em latim:
“Quos volunt di perdere dementant prius”. A citação no singular é mais
conhecida: “Quem vult deus perdere dementat prius” — “Deus primeiro
enlouquece aquele a quem quer destruir”. Prefiro a citação com “deuses”.
O problema de “deus”, no singular, é que a frase parece remeter ao Deus
único, este nosso (ou meu, hehe), não àqueles vários do paganismo, que
viviam atazanando os homens. É o que me ocorre ao tomar conhecimento do
que Dilma afirmou nesta sexta. Ela pode estar perdendo o juízo. Leiam o
que afirmou:
Numa caminhada na periferia de Porto Alegre, discursando sobre uma caminhonete, ela se saiu com a seguinte estupidez:
“Eles [oposição] jamais investigaram, jamais puniram, jamais procuraram acabar com esse crime terrível que é o crime da corrupção. Agora, na véspera eleitoral, sempre querem dar um golpe. E estão dando um golpe. Esse golpe nós não podemos concordar”.
“Eles [oposição] jamais investigaram, jamais puniram, jamais procuraram acabar com esse crime terrível que é o crime da corrupção. Agora, na véspera eleitoral, sempre querem dar um golpe. E estão dando um golpe. Esse golpe nós não podemos concordar”.
Golpe? Que
golpe? O golpe das urnas, presidente? Haver quem não vote no PT, então,
agora é golpe? Uma eleição só é legítima quando vencida pelo PT? Se o
seu partido perder, dona Dilma, será porque a maioria terá votado no seu
adversário. Será, então, sinal, governanta, de que a maioria do
eleitorado terá se transformado em golpista?
A fala é
de uma estupefaciente irresponsabilidade. Até porque Dilma, que continua
presidente da República, está afirmando, na prática, que, se ela perder
a eleição, então o resultado não é legítimo. Se não é, então o PT
poderá sair por aí botando fogo no circo. Golpista é a fala da petista!
Eles já
recorreram a esse expediente em 2006. Essa tese tem “copyright”, tem
autoria: Marilena Chaui, a militante do PT disfarçada de filósofa. Foi
ela quem procurou dar alcance até acadêmico a essa vigarice naquele ano.
Segundo essa senhora, denunciar o mensalão correspondia, imaginem
vocês, a dar um golpe. Agora, para mostrar que somos legalistas,
deveríamos todos nos calar diante do “petrolão”???
Sabem o
que é isso? Sinal de desespero. Em dois dias, é o segundo golpe baixo — o
primeiro é tentar fazer de FHC um inimigo dos nordestinos. Imaginem o
que vem por aí. Dilma está se esquecendo de que ainda é presidente da
República e que tal cargo lhe impõe uma especial responsabilidade.
Democracia
como golpe, presidente? Esse pensamento ficava bem na terrorista da
VAR-Palmares, não na pessoa que se elegeu por meio das urnas, as mesmas
que, no momento, dão a vitória a seu adversário. Até que Dilma não
comece a sentir vergonha do que disse, sentirei um pouquinho por ela, a
tal vergonha alheia.
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