sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Assalto ao erário para cobrir despesas de campanha

Petistas e aliados que se ferraram nas urnas estão recorrendo a Dilma para ajudar a pagar suas dívidas milionárias durante a campanha. Era o que faltava: fazer os contribuintes arcarem também com seu fracasso. Só o poste de Lula em São Paulo, Alexandre Padilha, deve 30 milhões de reais
Aliados da presidente Dilma Rousseff que acumularam dívidas milionárias ao longo desta eleição agora pedem ajuda ao comando da campanha da petista para saldar seus débitos. Segundo reportagem desta sexta-feira do jornal Folha de S. Paulo, a lista dos que apelam a Dilma inclui políticos de diversas siglas, como o PT e o PSB de Marina Silva, que concorreu contra a presidente no primeiro turno.
Como define ao jornal o governador eleito da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB): "Devo e não nego, pago quando puder". Não nega e não se furta a procurar ajuda com o PT. A sigla da presidente recomendou a um doador que colaborasse com 2 milhões de reais para a campanha do aliado, que fechou no vermelho. Em São Paulo, a situação do candidato derrotado do PT ao Palácio dos Bandeirantes é ainda mais grave: Alexandre Padilha encerrou a corrida com um rombo de 30 milhões de reais nas contas. Já o senador Lindbergh Farias, que também recorreu ao PT para tentar liquidar suas dívidas de campanha ao governo do Rio de Janeiro, deve 6 milhões de reais. "É muito ruim perder. Os doadores acabam fugindo", lamenta Lindbergh.
Reeleito para o governo fluminense, o peemedebista Luiz Fernando Pezão contou com o ministro Moreira Franco (Aviação Civil) como porta-voz junto ao comitê de Dilma. Ele solicitou recursos para bancar atividades conjuntas organizadas pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). "Pedi dinheiro, mas não sei quanto recebemos", diz Paes. Também no Rio de Janeiro, a deputada estadual eleita Clarissa Garotinho (PR) buscou ajuda da campanha de Dilma para o pai, deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ). Derrotado na disputa ao governo, ele admite ter dívida milionária, mas não revela a quantia.
Procurado pelo jornal, o tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, afirma que a meta agora é saldar dívidas do comitê da própria presidente e não quis comentar a situação financeira das candidaturas aliadas. O PT ampliou neste mês em 40 milhões de reais o limite de gastos do comitê para cobrir despesas compartilhadas com os Estados. O teto passou de 298 milhões para 338 milhões de reais.
Até mesmo quem concorreu contra o PT e apoiou os adversários da presidente agora busca ajuda financeira com a campanha de Dilma. É o caso de José Ivo Sartori (PMDB). Eleito para o governo do Rio Grande do Sul, ele acumula dívida de 5 milhões de reais. O ex-ministro Eliseu Padilha foi designado comissário em buca de ajuda com o comitê petista. "Pedi dinheiro ao comitê de Dilma até a véspera da eleição", conta Eliseu.
As prestações de contas finais dos candidatos que não foram ao segundo turno deverão ser entregues à Justiça Eleitoral até o dia 4. O prazo para os que disputaram o segundo turno é maior: 25 de novembro. As dívidas pendentes devem ser assumidas pelos partidos. (Veja.com). - DO ORLANDOTAMBOSI

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