O PSDB
pretende entrar com representações nas comissões de Ética do Senado e da
própria Presidência da República contra a presidente Dilma Rousseff,
funcionários da Petrobras, parlamentares, funcionários do Senado e da
Secretaria de Relações Institucionais. Por quê? Fraude na CPI. Sim,
leitores, vocês já devem ter lido a respeito. Reportagem de capa da VEJA
desta semana demonstra que uma grande farsa foi armada na comissão
destinada a investigar no Senado o prejuízo bilionário com a compra da
refinaria de Pasadena. Trata-se de uma das maiores agressões jamais
feitas contra o Poder Legislativo. Nessa matéria, a partir de agora, só o
PT supera o PT. Um grande teatro foi armado para que não se
investigasse nada. As perguntas elaboradas pelos parlamentares foram
previamente passadas aos convocados, tudo sob a supervisão de
funcionários graduados do governo e de políticos do alto escalão. Já
entro em detalhes.
Já escrevi
isto aqui algumas dezenas de vezes: é claro que o PT não inventou a
corrupção e o malfeito na política. Já existiam antes dele; continuarão a
existir depois. O partido inovou num aspecto: nunca antes na história
deste país, como costuma dizer Lula, um partido tentou profissionalizar o
crime político e fazer dele um método. Infelizmente, o PT trouxe essa
novidade — e tomara que ela seja interrompida e não tenha continuadores.
O que foi o mensalão? Cumpre lembrar: mais do que simples roubo de
dinheiro público, mais do que peculato, mais do que corrupção ativa,
mais do que corrupção passiva, mais do que formação de quadrilha, mais
do que evasão de divisas, mais do que lavagem de dinheiro. O mensalão
foi tudo isso para ser algo bem maior do que isso. Tratou-se de uma
armação para criar um Congresso paralelo, movido pelo propinoduto, de
sorte que o povo brasileiro tivesse solapado seu principal canal de
expressão: o Poder Legislativo. Que passaria a se mover nas sombras.
Esse, sim, foi o grande crime do mensalão. Mais do que o roubo, que já
era muito grave, o que se viu foi o assalto ao estado de direito e ao
Estado brasileiro.
Muito bem:
agora, VEJA revela mais um escândalo deplorável. Um vídeo de 20 minutos
que veio a público traz uma reunião entre o chefe do escritório da
Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da
empresa Bruno Ferreira e uma terceira personagem, ainda desconhecida.
Gravado provavelmente com uma caneta-câmera, a reunião demonstra que as
perguntas feitas pelos parlamentares na CPI foram previamente passadas
ao grupo para que os depoentes pudessem ser “treinados”. Participaram da
conspirata Paulo Argenta, assessor especial da Secretaria de Relações
Institucionais; Marcos Rogério de Souza, assessor da liderança do
governo no Senado; Carlos Hetzel, assessor da liderança do PT na Casa; o
senador Delcídio Amaral (PT-MS); o senador Paulo Pimentel (PT-CE),
relator da CPI; Graça Foster, presidente da Petrobras, e José Eduardo
Dutra, ex-presidente do PT e hoje um dos diretores da estatal. Vejam
trecho.
O alvo
maior da preocupação era mesmo Nestor Cerveró, aquele que omitiu do
Conselho de Administração da Petrobras duas cláusulas essenciais na
compra da refinaria de Pasadena. Barrocas, o chefe do escritório da
empresa em Brasília, quer saber se as perguntas já estão com Cerveró e
deixa claro que expediente idêntico foi empregado nos depoimentos de
Gabrielli e de Graça. Pimentel, o relator da CPI, recorre à presidente
da empresa e a Dutra para fazer um “gabarito” com as perguntas e
respostas.
O PT se
assustou com os desdobramentos da CPI dos Correios, que está na raiz da
condenação da cúpula do partido, que foi parar na cadeia. Decidiu,
então, desmoralizar esse expediente, que, na prática, já depôs um
presidente e mandou para casa os tais “anões do Orçamento”. Eis ai: esse
é o partido que diz querer fazer uma reforma política para moralizar o
Congresso.
Estamos
diante de uma dos maiores crimes jamais cometidos contra a República.
Ah, sim, o que Dilma tem com isso? Paulo Argenta é braço direito de
Ricardo Berzoini, ministro das Relações Institucionais. Berzoini foi
nomeado justamente para tentar, digamos, segurar o escândalo da
Petrobras na unha. Não custa lembrar que era ele o presidente do PT
quando veio à luz o tal escândalo dos aloprados. Ficou claro que sabia
de tudo. Quem escolhe um Berzoini escolhe também um método, não é mesmo,
presidente Dilma?
Texto publicado originalmente às 4h29
Nenhum comentário:
Postar um comentário