Campanha petista tenta consolidar hegemonia em seu histórico reduto eleitoral, mas esbarra no crescimento da oposição e na insatisfação da população com promessas não cumpridas
Izabelle Torres (izabelle@istoe.com.br)
Depois de
perder força no Sudeste, a campanha à reeleição de Dilma Rousseff (PT)
preocupa-se agora em não abrir espaço para a oposição na região onde o
PT historicamente registra seus maiores índices de aprovação. A
presidenta lidera as pesquisas na região Nordeste, mas se vê diante de
um cenário bem diferente de 2010, quando a então candidata conseguiu a
adesão de quase 90% dos nordestinos na disputa contra o tucano José
Serra. Agora, quatro anos depois, além de perder eleitores para a chapa
encabeçada pelo pernambucano Eduardo Campos (PSB), Dilma sofre com a
migração de integrantes da sua base aliada para campanhas dos opositores
e vê o senador Aécio Neves (PSDB) celebrar alianças com puxadores de
votos em Estados estratégicos como Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia.
A CONTA
Produtores rurais e moradores que perderam plantações durante a seca
amargaram prejuízos financeiros estimados em R$ 15 bilhões
No domingo 20, ao participar da missa pelos
80 anos da morte de Padre Cícero, na cidade de Juazeiro do Norte (CE),
Aécio Neves deu o tom da ofensiva do PSDB na região e anunciou que vai
apresentar este mês um plano estratégico para o Nordeste, incluindo o
aumento de repasses financeiros para municípios de menor Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). Na prática, atendeu a um pleito dos
prefeitos nordestinos, que reclamam que são tratados de maneira desigual
em relação às cidades mais ricas. “Será um conjunto de ideias que vai
permitir o desenvolvimento do Nordeste”, disse ele. Já Eduardo Campos
planeja intensificar a campanha na região na reta final das eleições.
Ele acredita que a divulgação de suas realizações em Pernambuco, Estado
que governou por oito anos, pode gerar uma identificação dos nordestinos
com a candidatura socialista. “A campanha no Nordeste começa mais
tarde. Temos certeza de que, à medida que ela avançar, nós teremos um
cenário semelhante ao que ocorre no Sudeste: a migração de antigos
aliados para candidaturas de oposição”, aposta.
Outra preocupação no PT é com a lista de
pendências do atual governo com a região. O Nordeste viveu a pior seca
dos últimos 50 anos durante o mandato de Dilma Rousseff e o Executivo
não conseguiu cumprir nem metade das promessas que fez a produtores
rurais e aos moradores que perderam plantações, ficaram sem água e
amargaram prejuízos financeiros estimados, por um estudo da Organização
Mundial de Meteorologia, em R$ 15 bilhões. O governo do PT também não
concluiu obras consideradas essenciais, como a transposição do rio São
Francisco e a ferrovia Transnordestina. A conta já começou a ser cobrada
pelo eleitor.
Foto: Eraldo Peres/AP Photo
DA ISTOÉ
Nenhum comentário:
Postar um comentário