Em sua coluna
de hoje no GLOBO, Guilherme Fiuza afirma que a Petrobras já foi
privatizada. A presidente Dilma foi à televisão falar das ameaças de
privatização da nossa maior estatal, mas ignora que ela já não é mais
uma empresa pública de todos os brasileiros; pertence, na prática, a um
seleto grupo de poderosos, liderados justamente pelo PT.
Uma empresa que torra meio bilhão de
dólares sem mais nem menos em uma aquisição pra lá de suspeita, e que
depois o próprio PT faz de tudo para impedir mais investigações,
pertence ao povo? Uma empresa que perde metade de seu valor de mercado
para poder contribuir com uma inflação artificialmente mais baixa, só
para ajudar a perpetuar o PT no poder, pertence ao povo? Uma empresa que
libera saque de US$ 10 milhões de uma conta no exterior só com
autorização verbal, como se fosse uma quitanda, pertence ao povo
brasileiro?
Fiuza vai além e lembra que não só a
Petrobras, como outras estatais já foram usadas pelo PT para seus fins
particulares. Trata-se, na verdade, de uma privatização de todo o estado
por uma patota, tudo em nome do “bem-geral”. Fiuza conclui:
O Brasil
está satisfeito com o padrão petista de concubinato estatal (em comunhão
de bens). A privatização do Banco do Brasil pelo valerioduto, por
exemplo, encheu o PT de dinheiro público e foi saudada pela nação com a
reeleição de Lula. A entrega do PAC à conexão Delta-Cachoeira foi
chancelada com aprovação recorde a Dilma em 2012. A CPI do Cachoeira,
aliás, não levou às ruas um gato pingado com cartolina de protesto. A
mulher do bicheiro virou musa, e a farra dos superfaturamentos no
Ministério dos Transportes retornou no ano seguinte, nova em folha. A
CPI da Copa, que trataria da privatização do BNDES na jogada dos
estádios bilionários, foi engavetada pelo Congresso — sem nenhuma alma
penada gritando que não vai ter Copa.
É claro que,
com todas essas privatizações estatais do governo popular, está ficando
difícil fechar as contas públicas (mesmo com a maquiagem contábil). Mas
não tem problema. O ministro da criatividade fazendária, Guido Mantega,
já anunciou que pode haver um aumento de impostos sobre bens de
consumo. Perfeito. O contribuinte precisa ser chamado a completar o
caixa, porque os sócios de Youssef não podem morrer de fome.
Agindo
assim, o governo Dilma está em consonância com a coqueluche mundial dos
progressistas, o best-seller “O capital no século XXI” — obra de mais um
autor da bondosa esquerda francesa. Basicamente, ele propõe mais
impostos para quem consegue juntar dinheiro. É isso aí. Preservem
Youssef, Rousseff e demais companheiros do povo. Como diria Thatcher, o
socialismo será eterno enquanto durar o dinheiro dos outros.
Por falar em Piketty, Kenneth Rogoff, em artigo
no mesmo jornal, comenta o sucesso de seu livro, que caiu nas graças da
esquerda mundial. Em tom um tanto benevolente, Rogoff lembra que a
desigualdade pode até ter aumentado dentro de países ricos, o que faz do
livro do francês um sucesso entre a classe média desses países, mas não
entre os diferentes países. O capitalismo tornou os pobres menos
pobres, principalmente com a adesão da China no mercado globalizado.
Rogoff alerta para o risco de medidas contra a desigualdade nesses
países ricos prejudicarem os mais pobres do mundo:
Ao aceitar a
premissa de Piketty, de que a desigualdade importa mais que o
crescimento, é preciso lembrar que muitos nos países em desenvolvimento
dependem do crescimento dos países ricos para ajudá-los a escapar da
pobreza. O problema número um deste século continua a ser ajudar os mais
pobres na África e fora dela. A elite do 0,1% deve pagar mais impostos,
mas não esqueçamos que, quando se trata de reduzir a desigualdade
mundial, o sistema capitalista teve três décadas de desempenho
impressionante.
Há controvérsias se a elite do 0,1% deve
pagar mesmo ainda mais impostos, pois é falacioso que paga pouco. Mas é
inquestionável que taxar os mais ricos em geral dos países desenvolvidos
iria apenas estancar seu crescimento e afetar negativamente os países
mais pobres.
Mas a esquerda não liga para isso. Seu
objetivo, tão bem ilustrado pelo PT no Brasil, é privatizar o estado
para si. Essa gente sofre de estatolatria, adora viver à custa do
esforço e do trabalho alheio. Há uma espécie de bicho que tem exatamente
tal característica: chama-se parasita.
Rodrigo Constantino-Rev veja
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