Por Jorge Serrão
Pelas
informações vazadas a conta-gotas, até agora, da Operação Porto Seguro,
fica evidente que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua
continuadora, Dilma Rousseff, e o grande líder petista José Dirceu de
Oliveira e Silva, tinham bastante domínio dos fatos sobre como a
ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary
Novoa de Noronha, coordenava um time de corruptos, em um verdadeiro
governo parelelo, com esquemas que favoreciam empresas e pessoas
interessadas em obter vantagens ilícitas junto a órgãos federais e
agências reguladoras. O Padrinho (Godfather) de Rosemary Novoa de Noronha repete o velho discurso de sempre de que “nada sabia” e agora se “sente traído” pela amiga e assessora do seu coração – que agora caiu em desgraça.
No papo furado, mandado espalhar na mídia amestrada pela máquina de contra-marletagem petista, Lula teria dito: “Eu me senti apunhalado pelas costas. Tenho muito orgulho do escritório da Presidência, onde eram feitos encontros com empresários para projetos de interesse do País”.
A certeza geral é que o Mensalão nunca acabou. Aliás, se sofisticou. Informações da PF asseguram que Rosemary praticava tráfico de influência, ajudando empresários a agendar reuniões com ministros e governadores.
O que ainda não foi dito publicamente é que ela trabalhava com a anuência de seus amigos Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu de Oliveira e Silva.
Como só este ano Lula e Dilma se reuniram pelo menos três vezes no escritório paulista da Presidência da República, fica difícil crer que Dilma também de nada sabia. Dirceu é que nunca pisou por lá.
Era nitidamente mafioso como funcionava esquema coordenado por Rosemary – mas comandado e articulado pelos mais poderosos acima dela. A “Doutora Rose” – como era conhecida – agendava e intermediava reuniões insuspeitas e que pareciam normais entre empresários e pessoas do terceiro escalão do governo.
Logo em seguida, o que ficava acertado nos encontro, obedecia a um protocolo corleônico.
As ordens seguiam para os ordenadores e operadores do esquema usando o chamado sistema de “Pacotes”.
Neles não havia dinheiro. Mas sim ordens, escritas à mão ou datilografadas em jurássicas máquinas de escrever.
A logística mafiosa de transporte dos pacotes usava motoboys. Alguns até com motos de alta cilindrada, para percorrer longas distâncias em alta velocidade.
Quando o dellivery ficava muito distante, os motoqueiros entregavam os papéis, no interior, para transporte em aviões.
O protocolo tinha uma ordem expressa. Jamais passar informações por telefone e nunca digitar qualquer ordem em computadores, Quem parece não ter obedecido direito ao sistema é Rosemary.
Como o Alerta Total antecipou ontem, a Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, tem 122 gravações de conversas telefônicas entre ela e Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele a chamava de “Rose” ou “Rosa”. Ela o tratava pelo amoroso apelido de “Tio”. Nas conversas, Rose passava ao amigo informações sobre quem deveria receber em audiência e para quem deveria mandar documentos.
Rose deu outros moles que comprometeram a segurança do esquema. A PF constatou que Rosemary enviava “Pacotes” para apartamentos em Interlagos e nos Jardins. O material seria destinado, pessoalmente, a José Dirceu e Luiz Inácio Lula da Silva.
No dia em que a PF deu uma batida no apartamento dela, como Lula estava fora do Brasil, a desesperada Rose telefonou às 6h da manhã para o ministro da Justiça José Eduardo Cardoso.
Como não foi atendida, ligou para José Dirceu – que atendeu e alegou nada poder fazer pela “companheira” – com quem atua desde a década de 90.
Pergunta simples. Dirceu atenderia, às 6h da manhã, a uma ligação feita por alguém que não fosse de sua total confiança?
Além do processo do Mensalão – do qual reclama ter sido injustamente condenado -, Dirceu ficou altamente exposto com a Operação Porto Seguro.
Sua ligação com Rosemary só confirma que Dirceu nunca deixou de ser o segundo homem da gestão Lula – um governo que parece não ter ainda acabado. A velha eminência parda do PT se complica novamente.
A PF tem evidências de que, depois que Lula foi obrigado a sair de cena por causa do tratamento contra o câncer de laringe, Dirceu assumiu a tarefa de dirigir a atuação de Rose.
Quando Dirceu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal, teve de sair ainda mais de cena.
Como Rose e os demais operadores foram obrigados a agir sozinhos, sem o comando direto dos chefões, o pirão desandou.
E muita gente desistiu de fazer negócios temendo acabar relacionada, direta ou indiretamente, com o ilustre condenado. Por isso, tudo estourou.
O escândalo também expôs Dilma.
A Presidenta agiu depressa, exonerando imediatamente quem teve condições de detonar, para passar a imagem de “dura combatente da corrupção.
Mas ficou na maior saia justa para manter no cargo dois ministros. José Eduardo Cardozo, da Justiça, que não teve controlE da operação Porto Seguro, como superior hierárquico da Polícia Federal.
E Luiz Inácio Adams, cujo Advogado Geral Adjunto da União, José Weber Holanda, foi indiciado como ativo participante do esquema de corrupção e tráfico de influência. Adams já não vai mais ser nomeado para ministro da Casa Civil, e ainda pode perder o atual emprego a qualquer momento.
Outro rolo para Dilma envolve um de seus melhores amigos e pessoa de confiança.
A Polícia Federal vazou que Rosemary agendou vários encontros de empresários com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
Outro envolvido ilustre nos negócios de Rose é o governador da Bahia, Jaques Wagner – que nega, claro, qualquer ligação com a casa que agora desmoronou.
Outro recém condenado no Mensaão também figura como suspeito de envolvimento no esquema de Rose & Cia. A Polícia Federal constatou que o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) tinha estreitas relações com Paulo Rodrigues Vieira, apontado pela PF como o chefe da quadrilha presa na sexta-feira sob acusação de montar um esquema de corrupção em agências reguladoras e órgãos federais. Investigações identificaram nada menos que 1.179 ligações telefônicas feitas a partir do restaurante japonês de Paulo Vieira para o deputado Valdemar e integrantes do PR.
O PT já botou para funcionar, a todo vapor, a “Operação Limpeza”.
Assim denominada internamente pelos petistas, a ação de contra-informação consiste em criar factóides para suplantar denúncias verdadeiras.
O esquema é sempre acionado para mobilizar a militância, no mundo real e nas redes sociais virtuais, para plantar notícias faltas ou “verdades” convenientemente forjadas, sempre que uma grave crise estoura.
Depois que advertiu que "não cairia sozinha", Rose foi prontamente protegida pelo PT.
Ela vai dar uma sumidinha de cena por uns tempos, até que se condiga fazer as coisas esfriarem - como de costume.
Manifestação pública nessa linha foi feita pelo ex-líder do governo na Câmara. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) reclamou de quem tenta associar Lula a uma funcionária de terceiro escalão.
Vaccareza até protestou contra a tentativa de desgastar e atingir Lula por vias transversas, como aconteceu com o famoso mafioso norte-americano Al Capone: “Pegar um funcionário de terceiro escalão e tentar associar ao Lula não é adequado. Todos são, eu fui líder de governo e sou ligado ao Lula. Acho de muito mau gosto, cretinice falar de Al Capone”.
A conclusão preliminar de todo esse escândalo é uma só: a República Petralha já foi ferida de morte, e só falta cair de podre.
Novas denúncias vão vazar, e a Presidenta Dilma pode se complicar. Ainda mais se a a crise econômica chegar de verdade e se agravar. No fundo, apesar de tantas denúncias de corrupção, o que derruba governos são os problemas econômicos.
DO R.DEMOCRRATICA
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