CARLOS MENDES - O Estado de S.Paulo
A Polícia Federal em Marabá, no sudeste do Pará, vai
indiciar por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha os envolvidos
no transporte de R$ 1,1 milhão apreendido dentro de um avião no
aeroporto de Parauapebas, no dia 2, às vésperas do primeiro turno das
eleições municipais. O dinheiro, segundo afirmou em depoimento um dos
indiciados, seria usado para a compra de votos e pagamento de boca de
urna no dia 7 de outubro, data da votação. De acordo com as investigações, o dinheiro seria usado em favor do candidato do PT à prefeitura do município, José das Dores Couto, conhecido como Coutinho - que perdeu a eleição para o candidato do PSDB, Valmir da Integral, por uma diferença de 20 mil votos.
'Operação precipitada'. O delegado Antonio Carvalho, porém, disse que não tem como indiciar os acusados por crime eleitoral - incluindo o suposto dono do dinheiro, um empresário de Parauapebas - porque não houve flagrante do delito, o que só poderia ocorrer no dia da eleição.
A operação para que as Polícias Civil e Militar apreendessem o avião com o dinheiro foi montada pelo juiz da comarca do município, Líbio Araújo Moura. Para o delegado, no entanto, a ação foi precipitada, pois a PF deveria ter sido avisada para monitorar os envolvidos até o dia da eleição e flagrar o crime eleitoral.
Depoimentos. A PF já colheu os depoimentos de cinco pessoas. Três foram ouvidas logo depois da apreensão do avião: Adinaldo Correa Braga, sua mulher, Rosângela Noronha Machado Braga, e o piloto de avião Lucas Silva Chaparra. O casal e o piloto foram presos e liberados após prestarem depoimento.
Um funcionário da Secretaria de Saúde de Parauapebas e o proprietário de uma empresa de aluguel de tratores da cidade, que alega ser o dono do dinheiro apreendido, também depuseram no último dia 9. O dono de uma empresa de engenharia que teria efetuado pagamento milionário pelo aluguel de tratores e um coordenador de campanha do PT no município foram intimados, mas não compareceram.
O advogado do empresário que não compareceu ao depoimento alegou que seu cliente estava com "problemas de saúde".
Procurados, o candidato do PT em Parauapebas e o servidor da Secretaria Municipal de Saúde, não retornaram aos pedidos de entrevista do Estado.
Na ocasião, por meio de nota, o diretório do PT de Parauapebas repudiou o envolvimento da legenda no caso, afirmando que a apreensão do dinheiro não tinha relação com o partido.
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