Haverá
hoje sessão extraordinária no Supremo para encaminhar as questões
pós-coleta de votos. Será preciso definir o que fazer nos casos de
empate — provavelmente, o réus serão absolvidos — e começar a cuidar da
dosimetria, vale dizer, da atribuição de penas aos condenados. Podem ser
sessões turbulentas, sim, vamos ver. À note, no debate da VEJA.com, a
gente comenta tudo. Quero aqui cuidar de outra coisa.
A maioria
dos ministros do Supremo não fez o que Lula queria. Para ser mais amplo:
a maioria dos ministros do Supremo não fez o que o PT queria. Quem
sintetizou com maior percuciência a boçalidade petista foi um senador
considerado “moderado” (imaginem os radicais…): Jorge Viana, do Acre.
Disse com todas as letras:
“Só não vale nossos governos indicarem ministros do Supremo e eles chegarem lá e votarem contra por pressão da imprensa”.
“Só não vale nossos governos indicarem ministros do Supremo e eles chegarem lá e votarem contra por pressão da imprensa”.
Em frase
tão curta, tão longa tradição totalitária. Em primeiro lugar, não foi o
“nosso (dele) governo” que indicou os ministros, mas uma instituição
chamada Presidência da República, que é o topo de um Poder, o Executivo.
Como instâncias da República, não são entes que “pertençam” ao PT. Não
são “nosso” — isto é, deles. Em segundo lugar, os ministros foram
aprovados pelo Senado, fatia de outro Poder, o Legislativo, que é, pasme
Jorge Viana!, do povo, não dos petistas.
Em
terceiro lugar, quem disse que os ministros votaram “por pressão da
imprensa”? Então só haveria um modo de não fazê-lo, a saber: votando de
acordo com a vontade do PT? Quem faz o que quer o partido é, pois,
“independente”; quem não faz, é mero capacho da mídia? A fala, no
entanto, trai uma intenção, que talvez não se tenha cumprido por erro de
cálculo: os petistas esperavam, sim, “fidelidade” dos ministros
indicados e nomeados. Traidores que são, no entanto, decidiram servir às
leis e à Constituição. E isso parece inaceitável mesmo a um “moderado”
como Jorge Viana.
Pois bem.
No dia 18 de novembro, Ayres Britto faz 70 anos e deixa o Supremo.
Abre-se uma vaga. É bem possível que Celso de Mello, infelizmente,
antecipe a sua aposentadoria de 2014 para o começo do ano que vem em
razão de problemas de saúde. Outra vaga.
O
resultado do julgamento do mensalão aumentou nos petistas a convicção de
que só ministros “de confiança” podem ser nomeados. No imaginário do
partido, um STF tem de contar com 11 Lewandowskis; não sendo possível,
até se aceitam um Dias Toffoli ou outro. Ainda há petistas inconformados
com a sua decisão de condenar José Genoino por corrupção ativa. A grita
foi de tal sorte que, ontem, o ministro não demorou nem 30 segundos
para concordar com o revisor e inocentar todo mundo. Dispensou até os
fundamentos. Foi um desrespeito ao tribunal, mas também foi um jeito de
deixar claro aos companheiros que ele está um tanto amuado. A petezada
acha que faltou a Toffoli o espírito de luta companheiro que enxergou em
Lewandowski, que está sendo saudado como um verdadeiro herói.
Mais duas
nomeações de igual jaez, a Corte ficará com quatro ministros — vamos ver
como se comporta Teori Zavascki — que podem estar menos preocupados com
a lei e a com as instituições do que com aqueles que lhes garantiram o
posto honorífico. Insisto: há um frenético movimento de bastidores
sustentando que conspiradores pretendem atacar a reputação do partido
pela via judicial e que cumpre ao governo do PT proteger o… PT!
Que a
sociedade brasileira fique vigilante! Os petistas consideram que foram
malsucedidos até aqui em controlar o Supremo. E é grande a pressão em
favor de ministros comprometidos com a causa. Não fosse assim, não se
diria com tamanha ligeireza e desfaçatez que José Eduardo Cardozo é
candidato a integrar a Casa.
Lula já
andou cochichando por aí que só restam dois inimigos aos petistas: a
“mídia” e o Judiciário. Não é o primeiro a ter essa sacada. Os fascistas
originais já achavam isso, é óbvio, antes dos epígonos…
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