Por Reinaldo Azevedo
Todas essas pessoas, exceção feita a Lula, têm gabinetes em Brasília. Carvalho trabalha no mesmo prédio em que Dilma dá expediente. Os outros podem se deslocar a pé para o Palácio do Planalto. O que se viu, então, foi o gabinete presidencial se deslocando de Brasília para o encontro com aquele que se pretende — e, como tal, é tratado ainda — condestável da República. Dilma deixou seus afazeres de presidente para cuidar da disputa eleitoral na cidade. Isso dá uma medida da importância que tem para o PT — e para o Apedeuta em particular — a eventual eleição de Fernando Haddad, especialmente depois que Recife derrotou o Babalorixá de Banânia, e Belo Horizonte, a própria presidente da República.
Bastaram dois anos e uma eleição para que Dilma demonstrasse que, se preciso, perde a linha sem medo de ser feliz. Já nomeou uma ministra de Estado (Marta Suplicy, da Cultura) para estimulá-la a ingressar na campanha de Haddad. Agora, Gabriel Chalita já recebeu a promessa de um assento na Esplanada dos Ministérios para fechar acordo com o candidato petista à Prefeitura.
Como se vê, trata-se do uso escancarado da máquina pública em favor do candidato do partido. A nova fantasia do PT — ainda voltarei ao assunto em outro post — é a de que uma vitória na maior cidade do país seria a evidência de que a população não está nem aí para o mensalão. Nunca estive entre aqueles que acreditavam que o escândalo pudesse fulminar o PT. Irrelevante certamente não é, e isso não está ainda quantificado — nem mesmo qualificado. De todo modo, uma coisa é certa: as urnas não absolvem o que — e os que —o STF condenou. A corte, por intermédio dos seus ministros, já caracterizou devidamente o que foi o mensalão: uma tentativa de golpe nas instituições republicanas.
Ora, o que foi o mensalão? O emprego de recursos públicos, por meio de uma engenharia criminosa, para tornar irrelevante a própria democracia. Tratou-se de um processo de privatização do estado em benefício de um partido e de um projeto de poder.
Pois bem: quando Dilma nomeia uma ministra de Estado e promete nomear outro para tentar eleger seu candidato, faz o quê?
Quando recebe em gabinete oficial — e o escritório da Presidência em São Paulo é… a Presidência! — um grupo para tratar de assunto exclusivamente partidário, faz o quê?
Quando mobiliza para tanto a máquina que garante o seu deslocamento, faz o quê?
Respondo: privatiza recursos públicos em favor de um candidato! Isso, minhas caras, meus caros, é só o espírito do mensalão se manifestando por outros meios.
E o julgamento no Supremo ainda nem acabou.
Não tem jeito.
São quem são e têm uma natureza.
E é da natureza dessa gente não aprender nada nem esquecer nada. 12/10/2012
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