Qualquer
candidato do PT leva uma vantagem imensa em São Paulo porque conta com o
apoio automático da quase totalidade da imprensa paulistana, não
importa o cargo. “Imprensa vota?” Não vota, claro!, mas interfere na
disputa eleitoral de maneira importante. Uma informação errada que se
espalha serve para criar ruído, pode desestabilizar a campanha etc.
Vejam o caso do kit gay. O tucano José Serra é instado cotidianamente a
provar que não é preconceituoso. Já o petista Fernando Haddad, que criou
aquela porcaria, não é convidado a falar sobre a sua obra. O nome disso
é isenção?
Desde que
Serra decidiu se candidatar, a sua renúncia à Prefeitura, em 2006, para
concorrer ao governo de São Paulo virou tema permanente dos jornais — e
daí saltou para as rádios. Se o eleitorado tivesse achado à época que
fora traído pelo tucano, não o teria elegido (o certo é “elegido” mesmo
com o verbo auxiliar “ter”) governador no primeiro turno. Na cidade,
teve mais votos para esse cargo do que tivera para prefeito em 2004. Em
2010, venceu Dilma Rousseff na cidade e no estado. Então como se formou a
onda contra Serra desta vez, ressuscitando a história da renúncia?
Formou-se à
esteira da rejeição à gestão do prefeito Gilberto Kassab, da qual se
fez picadinho ao longo de quatro anos. Em muitos aspectos, a começar das
creches, fez-se no período 2005-2012, mais do que em toda a história da
cidade. Não obstante, na imprensa paulistana, ao mesmo tempo em que se
destroçava a gestão municipal, afirmava-se — e apontei isso aqui; podem
procurar em arquivo — que Serra “abandonou” a Prefeitura e deixou Kassab
em seu lugar. Ocorre que o prefeito foi eleito em 2008. Não deve seu
mandato à renúncia do antecessor. Quem o escolheu foi o povo da cidade,
não Serra. Não importa! Essa foi a pauta quase exclusiva da imprensa.
Quando
Lula deu uma cotovelada em Marta e decidiu que o candidato seria Haddad,
esses mesmos setores do jornalismo viram na prática coronelista a
emergência do “novo”. O novo, no caso, traz junto Luíza Erundina, Marta
Suplicy e Paulo Maluf: 16 anos dos últimos 24 de gestão da cidade. Vale
dizer: se Haddad for eleito, em 28 anos de gestão, a exceção terá sido o
período Serra-Kassab. Fraudes morais, com certa frequência, também são
fraudes matemáticas.
Mentiras
Pegue-se o caso das Organizações Sociais na saúde. Ou Haddad mentiu no debate da Band ou mente em seu programa de governo — está escrito ali que, se eleito, ele acaba com a gestão compartilhada de hospitais, o que levaria o caos para o setor. Não importa. Petista pode mentir. Considera-se que isso é parte da política.
Pegue-se o caso das Organizações Sociais na saúde. Ou Haddad mentiu no debate da Band ou mente em seu programa de governo — está escrito ali que, se eleito, ele acaba com a gestão compartilhada de hospitais, o que levaria o caos para o setor. Não importa. Petista pode mentir. Considera-se que isso é parte da política.
Ontem, no
debate, Haddad afirmou que Serra só fez obras para os ricos da cidade. É
um despropósito, um acinte, uma mentira cretina. Em seguida, propõe um
“protocolo” em favor do alto nível da campanha, como se o baixo nível
fosse monopólio do adversário. E, claro!, vira notícia. A cidade de São
Paulo abriu em oito anos mais vagas em creches do que o resto do Brasil.
Marta deixou a Prefeitura com 60 mil; hoje, são 210 mil. Em 2004, a
cidade investia R$ 170 milhões em educação infantil; em 2012, o
investimento será de R$ 1 bilhão. Danem-se os fatos. A Prefeitura
investiu R$ 1 bilhão em metrô. Para quem? Para os ricos?
Só na
gestão Kassab, inauguraram-se 107 AMAs tradicionais e 19 AMAs
Especialidades, que se ocupam de ramos da medicina como urologia e
cardiologia. Cerca de 800.000 pessoas são atendidas na rede por mês. O
número de médicos contratados pela prefeitura passou de 8.606 em 2004
para 14.294 — um aumento de 66%. Mas paraíso mesmo era a cidade quando
Marta Suplicy estava na Prefeitura, né? O petismo, com a sua campanha
“ética”, que não agride ninguém, vende, com o auxílio do jornalismo
amigo, a ideia de que a cidade vive um caos. É o que chamam “alto
nível”.
Haddad
chama de “baixo nível” a lembrança de seus feitos à frente do Ministério
da Educação e o fato objetivo de que pode ser eleito tendo como aliados
um ex-prefeito condenado a devolver milhões aos cofres da Prefeitura —
Paulo Maluf — e uma liderança política chamada de “chefe de quadrilha”,
com grande possibilidade de passar uma temporada na cadeia: José
Dirceu.
Para os
petistas, de “alto nível” são as mentiras que eles contam sobre os
outros e, de baixo nível, são as verdades que os outros contam sobre
eles.
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