A
UNE (União Nacional dos Estudantes), comandada pelo PCdoB (com o apoio
do PT) desde a sua reorganização, em 1979, tornou-se uma das entidades
mais pelegas do país. Até a CUT, que é o braço sindical do petismo,
consegue ter mais independência do que esses folgazões que se
apropriaram da representação estudantil. Lula privatizou a entidade,
comprou-a de porteira fechada. O governo repassou R$ 30 milhões para a
reconstrução da sua sede, que não sai do papel. Essa é só uma parte da
bufunfa.
Entre 2004 e
2009, a turma recebeu outros R$ 10 milhões do governo e de empresas
estatais. Depois desse período, não consegui saber. Alguém estranha o
silêncio desses patriotas e sua subordinação vexaminosa ao poder? A UNE
tem um preço. Dada a sua irrelevância, é alto demais.
Entre 2006 e
2010, informou ontem o Globo, com base em levantamento feito pelo
Ministério Público, a UNE e a União Municipal dos Estudantes
Secundaristas (UMES) de São Paulo, também comandada pelo PCdoB,
receberam R$ 12 milhões destinados à capacitação de estudantes e
promoção de eventos culturais e esportivos. Muito bem: quando os órgãos
de controle foram verificar a prestação de contas, descobriram que os
vermelhos deixariam Carlinhos Cachoeira e seus rapazes verdadeiramente
indignados: notas fiscais frias (de empresas inexistentes), compra de
bebidas alcoólicas e despesas várias que não tinham relação com a
finalidade dos convênios. Reproduzo trecho de reportagem do Globo com a
lista de gastos: “cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca,
compra de búzios, velas, celular, freezer, ventilador e tanquinho,
pagamento de faturas de energia elétrica, dedetização da sede da
entidade, limpeza de cisterna e impressão do jornal da UNE. Além disso,
diversas notas emitidas por bares em que há apenas a expressão
‘despesas’ na descrição do gasto.”
Eis a UNE. Ai, ai… Fico cá me lembrando da minha juventude: “A UNE somos nós, nossa força, nossa voz”.
Daniel
Iliescu, o tiozinho do PCdoB que preside a UNE — aos 27 anos, ele já
poderia estar cursando pós-doutorado, não? — falou com O Globo. Negou as
óbvias irregularidades e, bom comunista, resolveu apelar aos
fundamentos da propriedade privada para explicar o fato de o prédio ser
apenas uma ideia. Leiam:
“Somos uma entidade privada, e não há obrigação legal que define a destinação do dinheiro que recebemos. No entanto, a diretoria plena da UNE definiu que os recursos serão para a nova sede. Está no tempo absolutamente razoável. O início das obras será antes do dia 11 de agosto, quando faremos uma grande comemoração.”
“Somos uma entidade privada, e não há obrigação legal que define a destinação do dinheiro que recebemos. No entanto, a diretoria plena da UNE definiu que os recursos serão para a nova sede. Está no tempo absolutamente razoável. O início das obras será antes do dia 11 de agosto, quando faremos uma grande comemoração.”
Como é que
é? Uma ova, senhor Iliesco! Uma ova!!! O projeto que destinou o dinheiro
à UNE passou pelo Senado. Foi primeiro aprovado na Comissão de Assuntos
Econômicos e, depois, em caráter terminativo, na Comissão de
Constituição e Justiça. Estava muito claro que o dinheiro seria
destinado à construção do prédio. Quer dizer, então, que o tiozinho acha
que, na condição de “entidade privada”, ele pode receber a dinheirama e
fazer com ela o que bem entender?
Ele tentou explicar por que a construção do prédio emperrou:
“Nossa especialidade não é construir prédios e, sim, debater educação e fazer passeata. Mas temos corpo técnico que nos deixa confortável para iniciar a obra.”
Estupendo! Estupendo, mas falso! De educação, a UNE nunca entendeu bulhufas. E Iliesco falta grotescamente com a verdade quando diz que a especialidade da turma é “fazer passeata”. Jamais contra o governo Lula e contra os desmandos do PT no poder, como sabemos.
“Nossa especialidade não é construir prédios e, sim, debater educação e fazer passeata. Mas temos corpo técnico que nos deixa confortável para iniciar a obra.”
Estupendo! Estupendo, mas falso! De educação, a UNE nunca entendeu bulhufas. E Iliesco falta grotescamente com a verdade quando diz que a especialidade da turma é “fazer passeata”. Jamais contra o governo Lula e contra os desmandos do PT no poder, como sabemos.
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra o mensalão?
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra as condições sofríveis de boa parte dos campi federais?
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra a baixa qualidade de muitos cursos sustentados pelo ProUni?
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra as condições sofríveis de boa parte dos campi federais?
— Quantas vezes vocês viram a UNE na rua contra a baixa qualidade de muitos cursos sustentados pelo ProUni?
Não dá
tempo! A UNE não pode mais comparecer a esses eventos ou mesmo
promovê-los porque deve estar muito ocupada contando a dinheirama que
inunda o seu caixa. É asqueroso ver uma entidade que, vá lá, tem a sua
história, a se comportar como se fosse uma dessas ONGs vagabundas, cujo
objetivo é mesmo assaltar o erário — às vezes, em benefício de partido;
às vezes, dos próprios larápios. É preciso ver em que caso se encaixam
as lambanças apontadas pelo Ministério Público.
O melhor dos mundos
Os burgueses do capital alheio da UNE, disfarçados de comunistas, vivem no melhor dos mundos. A entidade mal existe no meio estudantil — está ligeiramente presente nas universidades públicas, mas é uma entidade fantasma na esmagadora maioria das instituições privadas. Sua diretoria é escolhida em eleição indireta, e os delegados saem de assembleias manipuladas, a que comparecem não mais do que 1% ou 2% dos estudantes. Sem base, mas também sem adversários que possam ameaçar a sua posição, os valentes podem transformar as eleições em meros processos homologatórios.
Os burgueses do capital alheio da UNE, disfarçados de comunistas, vivem no melhor dos mundos. A entidade mal existe no meio estudantil — está ligeiramente presente nas universidades públicas, mas é uma entidade fantasma na esmagadora maioria das instituições privadas. Sua diretoria é escolhida em eleição indireta, e os delegados saem de assembleias manipuladas, a que comparecem não mais do que 1% ou 2% dos estudantes. Sem base, mas também sem adversários que possam ameaçar a sua posição, os valentes podem transformar as eleições em meros processos homologatórios.
Dependessem,
para existir, da militância e da contribuição dos estudantes, teriam de
se virar para demonstrar que existem. Mas isso não é necessário. O
governo federal fornece aos valentes uma montanha de dinheiro, e estes,
em troca, lhes dão seu silêncio cúmplice.
O mais
impressionante na era da economia digital é ver os dinossauros do
movimento estudantil resistir à tecnologia. Hoje, cada estudante
universitário brasileiro já poderia valer um voto. Seria possível
escolher o (a) presidente da UNE em eleições diretas votando pelo
celular. Mas quê… A vanguarda do retrocesso não admite essas
modernidades, não! Ela não pode correr o risco de perder a boquinha.
Reitero, leitor: está a fim de falar com idealistas? Use a lanterna para tentar achar um liberal. Comunista gosta é de dinheiro.
REV VEJA
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