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SÃO PAULO - O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) realiza nesta segunda-feira, 16, uma série de protestos pela Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, também conhecida por "Abril Vermelho", para cobrar o assentamento de mais famílias sem terra e a punição dos responsáveis pela morte de 21 trabalhadores rurais assassinados em Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996José Leomar/Agência Diário
Crianças e jovens que participaram da ação tomaram banho na piscina do palácio do governo do Ceará
José Leomar/Agência Diário
Crianças e jovens que participaram da ação tomaram banho na piscina do palácio do governo do Ceará
Ceará. Cerca de 1,5 mil integrantes ocuparam o Palácio da Abolição, em Fortaleza, sede do governo estadual. Crianças e jovens que participaram da ação aproveitaram para tomar banho em uma piscina localizada na área externa do prédio, no bairro Meireles. O ato reivindica ações do governo para amenizar os efeitos da seca que atinge vários municípios, além do assentamento imediato das 2.000 famílias acampadas no Estado.
Bahia. Cerca de 3 mil integrantes de quatro associações de sem-terra também montaram acampamento na manhã desta segunda-feira na frente da sede do Incra, no Centro Administrativo da Bahia, em Salvador. Manifestantes do MST, da Pastoral Rural, do Movimento dos Trabalhadores Assentados e Acampados da Bahia e do Movimento dos Trabalhadores Desempregados chegaram em ônibus e montaram barracas, com grande quantidade de mantimentos, no local. Os grupos sem-terra prometem, ainda, interditar parte das rodovias baianas na terça-feira, 17, por 21 minutos, para lembrar a passagem dos 16 anos do episódio em Eldorado dos Carajás. No Estado, os sem-terra cobram aceleração dos projetos de reforma agrária e medidas contra a estiagem que atinge o semiárido baiano. De acordo com o governo baiano, 200 municípios decretaram situação de emergência por causa da seca, a pior dos últimos 30 anos.
Pernambuco. Integrantes do MST ocuparam mais cinco propriedades, totalizando seis no Estado neste Abril Vermelho. De acordo com a coordenação regional, além da fazenda Serra Grande, no município de Gravatá, no agreste, ocorrida no sábado, 14, as ocupações ocorreram, até a madrugada desta segunda-feira, em fazendas do sertão e do agreste - Garrote Bravo, em Ibimirim, Fruit Vita, em Petrolina, Cedro, em Ipubi e Amargoso, em Bom Conselho, e Condado, em São Bento do Uma. O movimento alega que as áreas são improdutivas. De acordo com um dos seus dirigentes, Florisvaldo Alves, dos 1,3 mil hectares da fazenda Fruit Vita, a fazenda ocupa apenas 200 hectares para produção de manga irrigada para exportação.
Paraná. Pelo menos 500 integrantes do MST ocuparam parte das ruas de Curitiba na manhã desta segunda-feira, em marcha de aproximadamente três quilômetros ao prédio da Superintendência do Incra, onde entregaram uma pauta de reivindicações. Os militantes pretendem ficar na capital paranaense até sexta-feira, período em que terão reuniões com várias entidades e secretarias estaduais. Os principais pedidos ainda são por terras e melhorias nos assentamentos. As reivindicações não são novas e têm sido apresentadas todos os anos durante a Jornada de Lutas e Negociações que os sem-terra realizam no mês de abril. "Não houve muito avanço", lamentou a porta-voz do movimento no Paraná, Salete Mariani. Os sem-terra pedem mais agilidade do Incra para o assentamento de seis mil famílias acampadas no Estado, além de assistência técnica e investimentos nos setores de educação, cultura, saúde e habitação.
"A ideia é mobilizar o nosso povo para fazer as cobranças", reforçou Salete. "A reforma agrária tem que avançar." Entre os pedidos a serem apresentados ao governo estadual e ao Ministério da Educação está o de construção de 16 colégios de ensino médio. "A demanda que temos fundamenta o pedido", disse um dos líderes do movimento Roberto Baggio. Atualmente, há 14 colégios atendendo os sem-terra. "São mais de 30 mil jovens", acentuou Baggio. Durante a semana, os sem-terra ficarão abrigados no Ginásio do Tarumã, cedido pelo governo do Estado. Eles devem fazer novas manifestações pelas ruas da cidade. Para a manhã de terça-feira, está previsto o fechamento de algumas rodovias.
Mato Grosso. Cerca de 700 integrantes do MST bloquearam a Rodovia federal BR-163, em Sorriso, Mato Grosso, na manhã desta segunda-feira, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os manifestantes interditaram a rodovia na altura do km 761 para reivindicar promessas não cumpridas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), segundo a PRF. Apenas veículos de emergência, como ambulâncias, estão sendo liberados e passando pelo bloqueio, informa a PRF.
Brasília. Cerca de 10 ônibus saídos de vários Estados são esperados em Brasília para reforçar a ocupação que o MST realiza no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e outras áreas da Esplanada dos Ministérios, como parte das ações do "Abril Vermelho". A intenção do movimento é colocar na Esplanada cerca de 2 mil manifestantes de 11 Estados. Cerca de 1.500 pessoas já estão nesta segunda-feira em Brasília. Eles ocupam oito dos nove andares no Ministério do Desenvolvimento Agrário, onde uma bandeira do MST pode ser vista. Segundo a coordenação do movimento, não há previsão de término da ocupação. No prédio funcionam também a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) e o Ministério do Esporte. O prédio está interditado pelo MST e não há expediente. O MDA ainda não se manifestou e está formando uma comissão negociadora para a desocupação do prédio de forma pacífica. Mas o movimento disse que não vai se retirar enquanto o governo não der uma resposta concreta às reivindicações.
"Daqui só saímos quando o governo sinalizar o atendimento da nossa pauta. Diálogo e promessas nós já temos. Queremos ações concretas", disse José Ricardo Basílio da Silva, da coordenação nacional do MST. Ele informou que o governo Dilma está sendo "um desastre" na área de reforma agrária e disse que o programa Brasil sem Miséria é "uma falácia". "Não se combate a miséria sem resolver a questão fundiária" afirmou o dirigente, acrescentando que o desempenho do governo em 2011 foi o pior dos últimos 16 anos em termos de assentamento. Segundo Silva, 180 mil famílias estão acampadas em todo o País, aguardando terras para trabalhar. Algumas há mais de 10 anos. O MST reclama principalmente do contigenciamento de 70% dos recursos de custeio do Incra, o que teria prejudicado substancialmente as metas de assentamento de 2012.
(Com Tiago Décimo, Ângela Lacerda, Evandro Fadel e Vanildo Mendes)
Hummmm!!! QUE CHIC DAÍ DEVE SAIR O MOVIMENTO DOS SEM-PISCINA...
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