terça-feira, 3 de abril de 2012

Eis Ideli Salvatti, “meu amor”!

Quando a presidente Dilma Rousseff escolheu Ideli Salvatti para o Ministério das Relações Institucionais, escolhia também um método de argumentação, uma, digamos assim, inteligência. Leiam o que informa o Estadão Online. Volto depois:
Ideli nega responsabilidade por compra de lanchas pelo Ministério da Pesca
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse nesta terça-feira, 3, que não pode dizer “se foi um equívoco ou não” a compra de 28 lanchas-patrulha pelo Ministério da Pesca, que é alvo de suspeitas levantadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Parte do pagamento do contrato de R$ 31 milhões à empresa Intech Boating foi feito sob a gestão de Ideli no ministério.
Como o Estado revelou na semana passada, a Intech Boating doou R$ 150 mil ao comitê eleitoral do PT em Santa Catarina, que financiou 81% dos custos da campanha de Ideli ao governo estadual. Questionada hoje por jornalistas se a compra das lanchas não teria sido um equívoco, Ideli respondeu: “Meu amor, eu não posso dizer se foi um equívoco ou não. Quando cheguei ao ministério, tomei todas as providências no sentido de agilizar que as lanchas fossem utilizadas, entregues, fossem repassadas. Não posso me responsabilizar”. O comentário foi feito depois do lançamento do pacote com medidas de estímulo à economia, no Palácio do Planalto. Em entrevista ao Estadão, o ex-titular da Pesca Luiz Sérgio disse que a aquisição foi um “malfeito”.
Ideli voltou a afirmar nesta terça que a doação da empresa ao Partido dos Trabalhadores “foi legal”. “A contribuição (doação) foi legal, feita ao comitê estadual do PT, a minha conta de campanha foi aprovada por unanimidade, o comitê estadual repassou recursos para todos os candidatos do PT de Santa Catarina. Eu tô muito tranquila, a hora que eu for acionada vou prestar os esclarecimentos”, disse a ministra. “No relatório do TCU não há uma única citação à minha pessoa. Não tenho nada a ver com aquilo”, afirmou Ideli.
Voltei
Pois é… Sempre que leio as palavras dessas almas delicadas do petismo para explicar as suas lambanças - como eles são rigorosos, Deus meu! -, sinto, assim, o frêmito de quem se vê diante da moral e em estado bruto… Não! Eu quis dizer da “moral em estado puro”, é evidente.
Veja bem, “meu amor”: as lanchas foram, na hipótese benigna, havendo uma, um “erro” em si. Por quê? Não poderiam ser utilizadas com o fim a que se destinariam, a vigilância, porque o Ministério da Piaba não tinha competência para tanto. O outro “erro” foi escolher a empresa de um petista para o fornecimento dos equipamentos - sem licitação, naturalmente. E o terceiro “erro” consistiu em receber a doação dessa mesma empresa para a campanha eleitoral de… Ideli. A mesma Ideli que, ainda senadora e já pré-candidata do partido ao governo, participou de solenidades de assinatura de contrato. Titular, depois, do Ministério da Piaba, encarregou-se de pagar a dívida, que era, então, do Ministério, com a empresa que fizera a doação  para a própria Ideli - quer dizer, para o partido, “meu amor”.
Mas Ideli, “meu amor”, não vê problema nenhum em nada disso. Não vendo, supõe-se que aplique esses seus critérios de rígida moral na relação do governo com os partidos da base aliada. Ela já está pronta para editar uma cartilha de Educação Moral e Cívica. Lembro que o primeiro titular do Turismo do governo Dilma, Pedro Novais, caiu porque a pasta não conseguiu explicar lambanças que somavam… R$ 2 milhões. As lanchas custaram R$ 23 milhões. Petistas podem pecar até 10 vezes mais, que ainda estão no terreno da inocência.
E só porque a memória é uma das defesas que temos contra a empulhação, cumpre lembrar que, antes mesmo de assumir o Ministério da Piaba, Ideli não conseguiu explicar por que, então senadora, havia gastado verba de representação com hospedagem em hotéis em Brasília, mesmo tendo o auxílio-moradia.
Mas essas coisas, “meu amor”, não precisam de explicação. Ser petista, afinal de contas, é nunca ter de pedir perdão.
Meu amor!
Por Reinaldo Azevedo

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