terça-feira, 6 de março de 2012

As lições de moral de Chalita, o braço do PMDB de Temer, Sarney e Renan Calheiros em São Paulo. Ou: De ridicularizado a conviva e plantador emérito

O pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, ainda não sabe por que quer o cargo — o seu novo partido deve saber. O que ele sabe é que não quer que o tucano José Serra seja prefeito. E anuncia que vai combater o adversário. Novidade? Na Folha Online, é. Tanto que ele ganhou uma materinha. Como Serra lidera a pesquisa, Chalita decidiu ser notícia atacando o outro. Querem ver?
“Uma pergunta que farei ao candidato José Serra é por que ele fechou as escolas em tempo integral. Ele é contra uma criança ficar o dia todo na escola?”
Essa é uma das falácias que este senhor propagandeia por aí, como ainda terei a oportunidade de demonstrar no detalhe. O que interessa é outra coisa, além do impressionismo ridículo de quem pretende apenas falar bem de si mesmo. Existe uma medida objetiva para avaliar a qualidade da educação: o Ideb. Vocês mesmos podem clicar aqui e fazer a pesquisa. São Paulo avançou na avaliação de 2005 (quando Chalita era secretário de Educação) para 2009 (na gestão Paulo Renato), superando as metas estabelecidas pelo governo. Ficou em primeiro lugar ou segundo em todos níveis.
Aproveitando o gancho daquela pesquisa do Datafolha, lembrou que Serra deixou a Prefeitura de São Paulo em 2004 para se candidatar ao governo: “Como se pode usar São Paulo como um trampolim?” É a tese de Gilberto Dimenstein.
É uma crítica vigarista, obviamente. Se Serra não o fizesse, Aloizio Mercadante, do PT, teria se elegido governador. O PSDB quis o então prefeito candidato. E Serra venceu a disputa no primeiro turno com os votos dos paulistanos também — ele venceu a disputa na Capital com folga. Chalita era tucano. Queria Mercadante no governo? Acho que sim! Já se preparava, talvez, para mudar de lado.
E ele próprio?
Elegeu-se vereador pelo PSDB e pulou de galho. Foi para o PSB.
Elegeu-se deputado federal pelo PSB e pulou de galho. Foi para o PMDB.
Mudou de partido(s) e de lado. Fez seu nome como político de oposição ao PT e sentou no colo de Lula e Dilma.
Mobilizou uma fatia do eleitorado católico, especialmente da Canção Nova, e passou a fazer parte da base de um governo que mais do que flerta com a defesa da legalização do aborto. Apoiou abertamente a censura de que foram vítimas os católicos.
O mais impressionante, acho eu, é Chalita ganhar uma reportagem apenas para atacar um adversário, sem qualquer outro fato que a sustente, não se apontando que ele não chega a ser um exemplo de coerência.
Já apontei isso aqui e o faço de novo: quando estava no PSDB, Chalita era impiedosamente ridicularizado por conta das batatadas que escrevia e escreve em seus livros de auto-ajuda, a maior coleção de frases feitas (ou malfeitas) da humanidade… Atribui a eles o fantástico crescimento de seu patrimônio.
Foi só se bandear para o lado do petismo, ganhou o status de fonte respeitável, passou a almoçar e a jantar com o colunismo de fofoca e se fez o maior hortelão da República, sempre plantando suas coisinhas contra esse ou aquele. Espertinho, vive lembrando a sua condição de ex-secretário de Geraldo Alckmin para ver se consegue criar confusão no tucanato.
O que ele é hoje, de fato, é o homem do PMDB de Michel Temer em São Paulo. E isso significa que também é, em São Paulo, o homem do PMDB de Renan Calheiros e de José Sarney, entre outros patriotas. Não! Ele não é o homem do PMDB de Jarbas Vasconcelos, o senador de Pernambuco. Infelizmente, aquele tipo de peemedebismo não existe por aqui.
Então ficamos assim: vote em Chalita e ponha Sarney e Renan Calheiros na Prefeitura de São Paulo.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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