quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Petrobras diminuiu R$ 3,4 bilhões de investimentos em 2011





Dyelle Menezes
Do Contas Abertas
Não é a toa que a presidente Dilma Rousseff estava insatisfeita com a Petrobras. Responsável por 89,6% do total de investimentos do setor e com 28 empresas vinculadas, a maior estatal brasileira diminuiu as aplicações em 2011. No ano passado, a empresa desembolsou R$ 71,3 bilhões, equivalente a 81,7%, do montante de R$ 87,2 bilhões previstos. Percentualmente, é o terceiro pior desempenho anual desde 2000. Na comparação com 2010, também há redução. Ano retrasado foram aplicados R$ 74,7 bilhões, cerca de 85,7% dos R$ 86,6 bilhões previstos, em valores correntes.
Confira aqui a tabela de investimentos da Petrobras desde 2000
Nos seis primeiros meses de 2011, os investimentos da Petrobras já foram menores do que em igual período do ano anterior. Na época a assessoria explicou que, geralmente, os investimentos até junho são menores do que nos segundos semestres de cada ano e que os investimentos variam de acordo com o andamento das obras em execução.
Em julho, foi divulgada outra diminuição de recursos. O Plano de Negócios da estatal para o qüinqüênio de 2011-2015 foi aprovado com R$ 25 bilhões a menos que o proposto inicialmente. Com investimentos da ordem de R$ 389 bilhões, o novo plano contempla o total de 688 projetos. “Com a conclusão de diversos projetos já previstos no plano anterior, continuaremos dando ênfase no crescimento orgânico baseado no conhecimento que temos de nossas bacias de petróleo”, afirmou nota da assessoria.
O presidente da Petrobras, José Gabrielli de Azevedo, em entrevista à Revista Brasil Energia, afirmou que o novo plano era viável. Gabrielli também mencionou o fato de a Petrobras ter dobrado os investimentos nos últimos anos e que esse “desinvestimento” é um fenômeno normal na maioria das empresas, apesar de ser inédito na Petrobras nos anos recentes.
Explicações à parte, Dilma Rousseff mostrou-se insatisfeita com o desempenho da Petrobras. Na semana passada, a presidente aumentou o controle sobre a empresa, indicando Maria das Graças Foster para o comando da gigante do petróleo. A confirmação da mudança foi feita no último dia 23, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também é presidente do Conselho de Administração da estatal.
Com perfil técnico, a primeira mulher no comando da Petrobras, deve manter o foco da gestão na exploração dos recursos do pré-sal, já que atualmente é diretora de Gás e Energia da companhia. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, avaliou como positiva a solução ter vindo dos quadros da empresa.
Na agenda de prioridade da futura presidente deve constar a busca por solução rápida para a contratação de 21 sondas de perfuração, projeto de US$ 70 bilhões para a exploração do pré-sal e cuja licitação foi suspensa em dezembro, após impasse sobre quem construiria. Dilma Rousseff quer a garantia de produção das sondas no Brasil, como estímulo à indústria local.
Segundo publicação do jornal O Estado de S. Paulo, a morosidade da licitação foi um dos motivos do aumento do desgaste entre Dilma e a cúpula da Petrobras. Gabrielli é a sétima baixa do primeiro escalão ligada a Lula. A troca de comando foi bem recebida pelo mercado, que vê em Foster maior chance de aproximação da estatal com o Planalto, o que poderia agilizar a administração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário