No post abaixo, comento as, por assim dizer, relações entre PSDB, ou parte dele, e o PT - ou parte dele. O Globo de ontem trouxe informações significativas. Alberto Goldman, ex-vice-governador de São Paulo e vice-presidente do PSDB, escreveu um texto de análise sobre o governo Dilma para ser assinado pelo partido. A análise passou por uma cirurgia plástica quando submetida à direção nacional, comandada por Sérgio Guerra, sob a supervisão da ala mineira.
Goldman havia classificado o governo Dilma de “medíocre, amorfo e insípido”. Os adjetivos foram vetados. É um sinal de que os tucanos - os que mudaram o texto ao menos - discordam. Acham que o governo Dilma não é medíocre, amorfo ou insípido.
O vice-presidente do PSDB se referiu à gestão da presidente como “nono ano do governo Lula”, numa crítica à sua, segundo ele, falta de identidade política. Nem pensar! Os que mudaram o texto discordaram e devem achar, pois, que a presidente tem, sim, sua própria marca, daí porque rejeitaram também a caracterização, para Dilma, de “fantoche”. Goldman lembrou as palavras da própria petista, segundo quem Palocci, por exemplo, deixou o governo porque quis, e a classificou de “tolerante com a corrupção”. Isso também não passou.
Goldman fez o elenco de insucessos do governo, chamando-os de “constrangedora sucessão de fracassos”. De jeito nenhum! Depois de submetido à linguagem tucanamente correta, o texto identificou apenas “sérios problemas em diversas áreas”.
Excelente!
Vejam bem: todo mundo tem o direito de achar o que bem entender do governo Dilma, inclusive o PSDB, principal partido de oposição - por enquanto ao menos. O texto de Goldman pode ter sido reescrito ou porque os tucanos realmente não compartilham daquela visão crítica ou porque, o que é até mais provável, acham que é besteira ser duro com um governo popular, ainda que discorde dele.
Eis um problema interessante: se a oposição, mesmo discordando, não discorda nem quando discorda, quem haverá de fazê-lo? Em tese, não será a situação, né? O Brasil, no entanto, é tão, vamos dizer, esquisito, que o PMDB acaba criando mais dificuldades ao governo do que o próprio PSDB… Era assim na gestão Lula.
Depois de tantos cuidados, os tucanos deveriam considerar seriamente a hipótese de uma coligação com Dilma em 2014. O duro vai ser convencer o PT. Se não lhe for permitido malhar o Judas bicudo e de vôo pesado, sobra o quê?
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