sábado, 21 de janeiro de 2012

Fernando Haddad começa bem: a verdade está de um lado, e ele, de outro. Ou: Pré-candidato tenta fazer blindagem prévia

Ontem vimos mais um pepelão de Fernando Haddad no Enem: foi obrigado a cancelar uma segunda jornada do Enem, rasgando portaria que ele próprio assinara. E ainda tentou culpar os outros. Posts abaixo, escrevo sobre o caso.
O já pré-candidato do PT à Prefeitura concedeu uma entrevista a Vera Rosa e Lisandra Paraguassu, no Estadão. Abaixo, publico trechos em vermelho e comento em azul.
(…)
O secretário de Cultura, Andrea Matarazzo (PSDB), considerou “apavorante” sua idéia de reinventar São Paulo e foi irônico ao afirmar que nem pode imaginar o sr. usando na cidade a mesma técnica aplicada no Enem. Como o sr. responde a isso?

Graças ao Enem, nós vamos conceder, na segunda-feira, a milionésima bolsa a alunos da escola pública pelo Programa Universidade para Todos (ProUni). Estamos promovendo a maior inclusão na educação superior da história do País. Eu não pretendo responder a agressões pessoais. A campanha de 2010 deve nos servir de lição para afastar a deselegância e o mau gosto.
O sr. não teme ser conhecido como o candidato dos erros do Enem?
Pode ser que seja essa a linha dos nossos adversários. Há uma tentativa de desgastar um projeto que tem 80%, 90% de aprovação, como o Enem. Da mesma maneira que tentaram macular o Bolsa Família, o PAC, o ProUni, vão tentar macular o Enem. Agora, não há no mundo um exame nacional do ensino médio que não passe pelos problemas que enfrentamos aqui. As tentativas de fraude foram abortadas pela Polícia Federal. Na China houve problemas, nos Estados Unidos, na Inglaterra, na França.
Vamos ver. A “oposição” a que ele se refere não teria por que “desgastar” o Enem já que foi ela que o criou. Ao fazer essa afirmação, Haddad finge que o exame é uma invenção do PT. O mesmo se diga do Bolsa Família. Quem chamava as bolsas de “esmola” era Lula. Quem garantia que as pessoas beneficiadas se tornavam preguiçosas e deixavam de “plantar macaxeira” era Lula.
Quanto ao PAC, lembre-se: já havia no governo FHC o núcleo de obras prioritárias. Dar nome a um ajuntamento de projetos é mera medida burocrática. E o ProUni? Está acima de qualquer avaliação? Não seja ridículo, candidato! Um dia saberemos direito os números dessa fabulosa máquina de repassar recursos públicos para mantenedoras privadas. Numa República, tudo é passível de crítica. Demonizá-la é coisa de gente autoritária.
(…)
Sua idéia é fazer um pacto de não agressão com os partidos aliados do governo Dilma?

Não preciso fazer pacto com ninguém. Eu não vou oferecer a São Paulo o espetáculo de difamação promovido em 2010 pelo PSDB. Destruir a reputação das pessoas não é minha prática, nunca foi. Por mais ataques pessoais que eu tenha recebido, não devolverei.

O homem segue a máxima de atribuir a terceiros os métodos que conhece muito bem. Em 2010, houve, sim, tentativa de promover um espetáculo de difamação, e seus promotores foram os petistas, que tinham criado, mais uma vez, um bunker para produzir dossiês contra adversários. Eu desafio o petistaa a apontar uma só difamação contra Dilma. A que ele está se referindo?
À questão do aborto, por exemplo? Os tucanos não tiveram nada a ver com aquilo. Foi uma reação espontânea de igrejas cristãs. De resto, Dilma era mesmo favorável à legalização do aborto e já tinha deixado isso muito claro.
Criticar a sua incompetência no Enem é agora “ataque pessoal”? Na segunda, o governo usa a máquina pública para lançar oficialmente a campanha de Haddad. Seus feitos serão elogiados pela presidente — e deve haver ampla repercussão na imprensa. Certamente serão exaltados os supostos dotes do ministro. Deixem-me ver se entendi o ponto de vista do bruto: usar a sua experiência para ganhar votos é coisa de gente decente; usar essa mesma experiência par criticá-lo seria ataque pessoal. Eis Haddad. Esse é o político que considerou Stálin melhor do que Hitler porque, ao menos, lia livros antes de matar seus adversários… Prestem atenção ao que vem agora.
O julgamento dos réus do mensalão, previsto para este ano, pode atrapalhar sua campanha?
Não acredito nisso. Hoje, as instituições funcionam livremente para apurar responsabilidades e dosar a pena de acordo com o erro cometido. Há denúncias para todo lado. Não gosto da expressão mensalão, mas tem o julgamento do mensalão do PSDB em Minas, do DEM no Distrito Federal. Não sei se haverá apuração dessas recentes denúncias sobre o processo de privatização, se o Ministério Público se envolverá nisso…
Viram? Gugu-dadá não gosta da expressão “mensalão”, mas ele próprio fala do “mensalão do PSDB” e do “mensalão do DEM”. Ele acha que a expressão é descabida para o… PT. E se refere às “recentes denúncias sobre o processo de privatização”, aquelê amontoado de calúnias que vem do chiqueiro dos difamadores, mobilizados justamente no período eleitoral. Ao tentar emprestar seriedade àquele lixo, Haddad revela, definitivamente, o seu real caráter. É inequivocamente um deles. E dos piores. Porque gosta de fingir ser outra coisa.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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