quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Afinal, o que quer o Supremo?

Tenho mais umas coisinhas a dizer sobre o Supremo Tribunal Federal.
O mensalão é certamente o caso mais importante que já passou pela corte. É esse julgamento que vai nos dizer o que é e o que não é considerado aceitável numa República. Se os principais envolvidos no maior escândalo da República saírem com os ombros leves, então o baixíssimo padrão de moralidade pública se degrada ainda mais. Se forem punidos — POR CRIMES COMETIDOS, É BOM FICAR CLARO! —, resta ao menos a força do exemplo.
Já não basta, convenham, que esse troço dormite lá há quase seis anos? O escândalo estourou em meados de 2005. Vejam quanta coisa se deu na República depois disso. Já não basta, convenham, que o principal beneficiário do mensalão e chefe inconteste do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, não tenha sido nem sequer citado? Permitir, agora, que as coisas “se resolvam” por falta de tempo é um esculacho!
O que pretende ser o Supremo? Uma casa que gosta de debater temas moralmente polêmicos — e nada além disso?
O que pretende ser o Supremo?
- Uma Casa conhecida por ignorar a letra da Constituição no caso da união estável? Afinal, o Supremo é progressista!
- Uma Casa conhecida por ignorar o Código Penal no caso das marchas que fazem a apologia da maconha? Afinal, o Supremo é progressista!
- Uma Casa que, não tarda, há de relativizar o direito à vida no debate sobre o aborto? Afinal, o Supremo é progressista!
O que pretende ser o Supremo? Uma espécie de Madre Superiora liberada, assim, um tantinho porra-louca, capaz de confundir a vontade de queimar um mato com uma tertúlia sobre direitos civis, MAS INCAPAZ DE DAR UMA RESPOSTA PARA UMA SÚCIA QUE ASSALTA A CONSTITUIÇÃO?
Sim, o Supremo atuou em questões importantes: o alcance da Lei da Anistia, o caso Cesare Battisti, os arroubos autoritários da Polícia Federal etc. De toda sorte, para a larga maioria dos brasileiros, eram temas um tanto arcanos.
O julgamento do mensalão tem um efeito também didático. Não estou aqui cobrando que a corte decida segundo o clamor desse ou daquele grupo. Tenho a minha opinião, como sabem. Mas estou cobrando simplesmente é que decida! Estou cobrando é que seja “progressista” cumprindo a letra da Constituição.
Por Reinaldo Azevedo

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