sábado, 19 de novembro de 2011

Criação de empregos tem queda de 38,4%

Por Célia Froupe, no Estadão:

A crise internacional se abateu sobre o mercado de trabalho brasileiro em outubro e ajudou a enfraquecer ainda mais a geração de empregos, que já vinha perdendo fôlego por causa da desaceleração da atividade doméstica. O resultado foi a criação de 126,1 mil vagas com carteira assinada, um tombo de quase 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o pior resultado para meses de outubro em três anos.
“Sentimos a crise internacional, principalmente na área da indústria”, salientou o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, ontem, durante entrevista coletiva para detalhar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Apesar da proximidade do Natal, quando a produção atinge o auge da capacidade para abastecer o comércio, o saldo líquido de novos postos formais no setor industrial despencou no mês passado. A média mensal das contratações acima das demissões foi de 44,7 mil no ano até setembro, quando chegou a 68,1 mil vagas. Em outubro, porém, foram magros 5,2 mil.
Maior parque industrial do País, o Estado São Paulo foi o que mais sofreu, fechando 11,4 mil postos. Segundo Lupi, o ritmo das encomendas está em queda e os empresários deixam de contratar, preocupados com a redução da atividade. “Os setores de metalurgia e metal mecânica são os que mais sentem a crise”, pontuou.
No geral, o Estado foi responsável 22,9 mil empregos em outubro. “No mesmo mês do ano passado foi praticamente o dobro”, comparou o ministro.
O que salvou o resultado ainda positivo foi o desempenho dos setores de serviços (28,6 mil vagas), comércio (15,9 mil) e construção civil (1,6 mil), já que a agropecuária paulista também puxou para baixo o volume de novas vagas, com a demissão de 12,5 mil pessoas a mais do que as contratações.
Meta distante. No ano até outubro, o saldo de novos empregos no Brasil é de pouco mais de 2,2 milhões. As efetivações de vagas formais no mesmo período de 2010 foram de 2,7 milhões, o que representa uma redução de 18,3%. Vivendo um período conturbado politicamente - por causa das acusações a que responde sobre ter usado um avião providenciado por um dirigente de ONG que tem contratos suspeitos com o ministério -, Lupi deixou de lado ontem o tom sempre otimista usado para estimar o resultado da geração de emprego no País e admitiu que seus prognósticos iniciais sobre o mercado de trabalho dificilmente se concretizarão.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

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