segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O patriotismo dos tolos. Se o Brasil fosse presidido por Saci-Pererê, seria o primeiro Saci a abrir a Assembléia da ONU… Tenham paciência!

Que coisa, né!
Cansei de ler que, na quarta-feira, a ONU assistirá a algo inédito, “histórico” (a imprensa adora abusar desse adjetivo!): a Assembléia Geral será aberta, pela primeira vez, por uma mulher. É mesmo, é?
Vamos ver. Oswaldo Aranha foi o primeiro diplomata a discursar na Assembléia Geral inaugural, em 1947. E assim tem sido desde aquela data: por tradição, um brasileiro, quase sempre o chefe de estado, abre, então, a sessão. Vão prestando atenção…
Como Dilma é a primeira presidente mulher do Brasil e como cabe ao país o discurso de abertura da Assembléia Geral, é claro que, pela primeira vez, ora bolas!, uma mulher  cumprirá esse papel. No dia em que tivermos Saci-Pererê como presidente, será a primeiro Saci-Pererê a fazê-lo… O mesmo se diga da mula-sem-cabeça.
Esperavam, afinal de contas, que acontecesse o quê? Golda Meir, Margaret Thatcher, Benazir Bhutto — ou, hoje em dia, Angela Merkel e Cristina Kirchner — não poderiam ter protagonizado tal ineditismo na ONU. O “ineditismo” chegou tarde por aqui, certo? Pode-se dizer que nunca antes da história das Nações Unidas uma ex-membro da VAR-Palmares teve tal privilégio. Dá na mesma! Ou não?
Há certos limites para a patriotada. Um rapaz, de um canal de notícias a cabo, quase suja o terno de satisfação ontem à noite, coitado! Derretia-se de prazer. Tinha-se a impressão de que o Brasil dará uma lição ao mundo na quarta.
Lição de resistência deu Golda Meir, primeira-ministra israelense na Guerra no Yon Kippur (1973), em cuja memória Dilma vai sapatear em seu discurso (ver post no alto). Aliás, também a memória de Oswaldo Aranha, uma espécie de patrono do estado de Israel, será vilipendiada.
Isso, sim, entrará para a história.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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