O PAC é um filho já que deu o que tinha que dar: fotos, festinhas, eventos de ocasião, mostrando que a mãe era produtiva. O filho, que parecia crescer forte, agora aparece, além de anêmico, com maus hábitos de querer comer o que não deve e de roubar a merenda dos outros na creche. A mãe, que não soube criar, deixou o filho com a babá e foi fazer caridade com o chapéu dos outros. Quer ser a mãe dos pobrezinhos. A Mãe da Miséria.
O Programa de Aceleração de Crescimento perdeu fôlego nos primeiros seis meses do governo Dilma Rousseff, chamada de "mãe do PAC" pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Criado em 2007, o PAC é a principal bandeira de investimentos do país e foi usado como arma eleitoral por Dilma na campanha que a elegeu presidente. Como ministra da Casa Civil, cabia a ela a coordenação do PAC. Ontem, a presidente não foi ao evento que revelou os números. Ao apresentar o primeiro balanço do ano, a ministra Miriam Belchior (Planejamento), que coordena agora o PAC, anunciou uma execução de R$ 86,4 bilhões entre janeiro e junho. O número é 10,8% menor que os R$ 95,7 bilhões registrados entre maio e outubro de 2010 -ano eleitoral e, tradicionalmente, de gastos maiores. Além disso, as novas cifras incluem investimentos em projetos que já deveriam estar concluídos desde o ano passado.
Das 126 obras analisadas no balanço, apenas 24 (19%) estão em nível fora do adequado, de acordo com a interpretação oficial. Entre as obras cuja execução estaria dentro do cronograma previsto está o trem-bala que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. O empreendimento, com preço estimado em R$ 33 bilhões pelo governo, não foi sequer leiloado. Nenhuma empresa se interessou em participar do leilão que ocorreria no primeiro semestre. As regras estão sendo revistas e a próxima tentativa de licitação deverá ocorrer apenas em 2012.De 36 obras apresentadas como concluídas, 25 deveriam ter sido entregues ainda em 2010. (Da Folha de São Paulo)
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