Foto 9 de 25 - Um avião de pequeno porte da empresa Noar caiu por volta das 7h desta quarta-feira (13) e pegou fogo em um terreno na avenida Beira-Mar, no limite entre Jaboatão dos Guararapes e Recife. Dezesseis pessoas estavam na aeronave e nenhuma foi resgatada com vida Alexandre Gondim/JC Imagem
A Noar Linhas Aéreas divulgou o nome das 16 vítimas da queda de um avião na manhã desta quarta-feira (13), no Recife (PE). A aeronave, um bimotor L-410 que fazia um voo comercial, caiu por volta de 6h55 em um terreno, perto da praia de Boa Viagem, na divisa com Jaboatão dos Guararapes, e explodiu no solo, segundo testemunhas. O voo partiu do Aeroporto Internacional dos Guararapes e tinha como destino a cidade de Mossoró (RN), com escala em Natal.
As mortes confirmadas são:
- Rivaldo Paurílio Cardoso, piloto do avião
- Roberto Gonçalves, co-piloto do avião
- André Louis Pimenta Freitas, filho do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza (CE)
- Antônia Jalles, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
- Camila Marino
- Carla Moreira Sueli, delegada da Receita Federal do Rio Grande do Norte
- Débora Santos
- Bruno Albuquerque
- Natã Braga da Silva
- Marcelo Campelo
- Maria da Conceição de Oliveira
- Jonhson do Nascimento Pontes
- Marcos Ely Soares de Araújo, gerente de engenharia da empresa Moura Dubeux
- Breno Faria
- Raul Farias
- Ivanildo Santos Filho, gerente financeiro da faculdade Maurício de Nassau
O voo durou pouco mais de três minutos, segundo informações do comando da Aeronáutica. No total, dois tripulantes e 14 passageiros que estavam a bordo morreram na queda. O piloto detectou um problema na aeronave 55 segundos após a decolagem (feita às 6h51) e avisou a torre de controle que tentaria voltar ao aeroporto do Recife.
Dois minutos depois, ao perceber que não conseguiria chegar ao aeroporto, o piloto informou que tentaria pousar na praia de Boa Viagem. Às 6h54min18s, a aeronave perdeu a comunicação com a torre.
"Faremos uma grande coleta de dados, que vai abordar informações dos destroços, dos gravadores de voo, da manutenção da aeronave e dos pilotos. As investigações não têm um prazo para acabar", afirmou o tenente-coronel Frederico Marcondes, chefe da divisão de aviação civil do Cenipa. Um laudo sobre as causas do acidente deve ser divulgado em cerca de 30 dias.
Este foi o quinto acidente aéreo nos últimos quatro anos envolvendo pequenas aeronaves em Pernambuco. Em todo o país, este foi o acidente com mais vítimas desde a queda do avião da Air France, em 2009, em território brasileiro.
Familiares e problemas na turbina
Os familiares das 16 vítimas estão recebendo atendimento médico no hotel Atlante Plaza, no bairro Boa Viagem. A Noar Linhas Aéreas organizou um espaço para dar atendimento médico e psicológico aos parentes.Uma equipe do Samu está no local. Muito abalados, os familiares não conversaram com a imprensa. De acordo com a assessoria de comunicação da companhia aérea, os parentes terão hospedagem, atendimento médico e psicológico.
O irmão de Roberto Gonçalves, 55, co-piloto do avião, afirmou que ele estava substituindo um colega que não pôde trabalhar hoje e que, com frequência, reclamava de problemas mecânicos nas turbinas das aeronaves da empresa Noar.
“Hoje ele substituiu um colega que, por problemas pessoais, não pôde fazer esse voo. Ele ligou ontem para meu irmão pedindo para ele substituí-lo”, afirmou Jairo Gonçalves, 50. “Ele sempre se queixava de falhas mecânicas nas turbinas e problemas na parte elétrica dos aviões. A última queixa que ele fez foi há três meses”, disse.
A reportagem entrou em contato com a Noar para que a empresa pudesse se posicionar diante das declarações do irmão do piloto, mas a companhia aérea disse que desconhece a informação de que as aeronaves apresentassem problemas frequentes.
A Noar não soube informar quando foi feita a última manutenção do bimotor. Funcionários, no entanto, disseram que a última manutenção foi realizada ontem (12).
A empresa informa que as habilitações técnicas e os certificados de capacitação física dos pilotos estavam regulares.
Passageiros pediram socorro
Erandir da Silva, 42, vigia do terreno onde o avião caiu, disse que tentou ajudar os passageiros, mas teve que recuar por conta de várias explosões no interior da aeronave. “Estava dormindo e escutei o barulho. Quando cheguei lá [no local da queda], o avião tava pegando fogo. Fiquei com medo de chegar perto por causa das explosões”, afirmou.Segundo o vigia, os passageiros começaram a pedir ajuda de dentro do avião. “Vi o pessoal na janela pedindo socorro, mas quando cheguei perto começou a explodir. Senti remorso vendo o pessoal morrer sem poder fazer nada”, disse
“Estava sentado no calçadão [da praia] quando vi o avião, a cerca de 100 metros de mim. Ele já veio baixinho, cambaleando, passou raspando pela fiação”, disse. “Ainda tentou desviar de uma casa, mas foi aí que ele caiu. Tive vontade de ir ajudar, mas com as explosões fiquei com medo”, afirmou o pesquisador.
De acordo com Ferreira, o avião aparentemente estava tentando voltar para o aeroporto de Jaboatão dos Guararapes, já que, pouco antes de cair, estava em direção ao Recife e inverteu o sentido do voo.
Piloto informou problemas à torre
Segundo a Aeronáutica, o piloto do bimotor chegou a passar informações de que estava tendo problemas para a torre de controle do aeroporto, mas o problema não foi solucionado a tempo.O governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, disse que o governo dará apoio aos parentes das vítimas. "O Corpo de Bombeiros, a Polícia Civil, a Polícia Técnica e a chefe do IML estão no local tomando as medidas precisas", disse.
A Noar
Com um ano de atuação no mercado regional, a Noar Linhas Aéreas operava com duas aeronaves modelo L-410, também conhecido como LET, e foi responsável pelo ressurgimento da aviação regional no Nordeste. A ideia era ocupar a lacuna deixada pelas grandes companhias aéreas, que não atendem com voos diretos os destinos regionais.Segundo a empresa, a aeronave era considerada ideal para rotas pequenas e médias. Por conta da queda, todos os voos desta quarta-feira foram cancelados. Os voos que foram suspensos estão sendo remanejados para outras companhias aéreas.
A Noar iniciou sua atuação no Nordeste em junho de 2010 e fazia viagens entre as cidades de Aracaju, Caruaru (PE), João Pessoa, Maceió, Mossoró (RN), Natal e Recife. A empresa havia anunciado, no mês passado, que estava adquirindo duas novas aeronaves idênticas a que caiu nesta quarta para ampliar o número de destinos na região.
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