No post abaixo, vocês lêem que Antonio Palocci e Dilma Rousseff almoçaram com senadores do PT. O ministro se explicou à bancada — por livre e espontânea vontade, deixou claro Humberto Costa (PE) —, e todos saíram muito satisfeitos. Que bom! Segundo Wellington Dias (PI), o ministro atribuiu as denúncias à oposição, especialmente ao PSDB de São Paulo — seriam os setores próximos ao ex-governador José Serra. Esse Serra é mesmo terrível! Tenham paciência!
Curioso esse Palocci! A mais de um interlocutor, pessoas do seu entorno afirmaram, no comecinho da crise, que a denúncia contra ele era “fogo amigo”, isto é, teria partido de setores descontentes do próprio PT. Como ele sempre contou com a simpatia de muita gente no DEM e no PSDB, armou a sua estratégia de sempre: pedia o apoio dos oposicionistas contra os “radicais” de seu partido e contra, vou falar o nome dele, José Dirceu. Dirceu é o inimigo do peito de Palocci, o seu espantalho predileto, a carta sempre escondida na manga. O lema de Palocci poderia ser este: “Ruim comigo, pior sem mim” - ou, numa versão virtuosa, “bom sem mim, melhor comigo”.
Sempre foi essa a sua abordagem na relação com oposicionistas e com os potentados do capital. Vai saber quanto essa estratégia já lhe rendeu. Dia desses, dizia um empresário que bastaria a Palocci pedir dinheiro e fornecer a conta, e muitos depositariam o quanto ele pedisse, sem nem querer saber por quê! Isso é que é credibilidade! O resto é dignidade!
Ocorre que ninguém sabia que o homem era esse superconsultor. Descobre-se, de repente, que é o mais novo milionário da praça. E ele se nega a explicar o assunto e a comentar publicamente o caso, falando sempre por intermédio de terceiras pessoas — notem, o que é um absurdo!, que a própria Dilma se referiu ao caso em público antes mesmo que seu ministro. A presidente virou porta-voz do subordinado! Trata-se de uma incrível inversão da ordem hierárquica, não?
Pois bem… A tese do “fogo amigo”, notou Franklin Martins, era péssima porque, fatalmente, faria a bomba explodir no colo do PT. Ou melhor: as bombas. Uma delas já é o caso em si. Há explicação razoável que Palocci possa dar, ainda que sua empresa seja legal? Não! Seus “clientes” negociam com o governo, têm interesses em órgãos públicos nos quais ele era voz influente. O nome disso, todos sabem, é tráfico de influência. Poderoso como é, Palocci teve o ganho correspondente àquilo que ele mesmo definiu em e-mail como “valor de mercado”. A segunda bomba, obviamente, causaria, e pode causar, estrago partidário. Caso se comprove que a fonte original é mesmo gente do PT, será um sururu danado.
Assim, com a anuência de Palocci, de Dilma e a ativa participação de Lula, o jornalismo “Franklinstein” lançou a tese: “Isso é coisa da oposição”. Mas de qual oposição? Ora, daquela que os petistas consideram, realmente, uma força adversária: José Serra. Os petistas, a exemplo de alguns tucanos, diga-se — e de alguns setores da imprensa — ainda não decidiram se Serra está politicamente acabado ou se pode balançar a República…
É ridículo! Palocci volta a exibir uma face que já tinha ficado claríssima no caso Francenildo: a do político autoritário. Tirado todo aquele glacê de civilidade e bonomia, resta uma político que não tem receio de levar certas questões às raias da irresponsabilidade. Ele se negar a prestar um esclarecimento público sobre a sua função de consultor é de uma arrogância sem par. O ministro-chefe da Casa Civil, no fim das contas, acredita que não tem satisfações a dar a ninguém. Mas tem.
Ele não fez nada demais? As empresas que o contrataram também estavam dentro da lei? O ministro deveria, então, em nome do bem da República, negociar com elas a divulgação dos contratos. Acontece que, tudo indica, se isso for feito, abre-se a Caixa de Pandora. E aí Palocci cai. O único jeito de ele permanecer no cargo é não explicar nada.
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