Há até gente de boa-fé que ainda não entendeu a natureza do debate e então se pergunta: “Mas qual é o problema do politicamente correto? Não é melhor ser correto do que incorreto?” Pois é… O sentido das palavras trai a verdade das coisas. O problema do politicamente coreto, queridos, está em obrigar a velhinha a atravessar a rua, ainda que ela não queira, só porque um grupo se juntou e decidiu que atravessar a rua é o melhor para ela, entenderam?
A comissão do Senado que aprova propostas para serem debatidas na reforma política está produzindo um monstro pavoroso. Já acatou o voto em lista (aquele sistema que tornaria Delúbio Soares um de nossos mais ilustres representantes), o financiamento público de campanha (que pretende assaltar o seu bolso) e, agora, a alternância entre homens e mulheres na tal lista, de modo a garantir 50% de mulheres “candidatas”. Escrevo entre aspas para chamar a atenção para o sentido deturpado da palavra — embora não goste muito do recurso. Com voto em lista, o eleitor nem verá a cara dos futuros deputados. Logo, não se candidata a porcaria nenhuma!
Hoje, a lei obriga que 30% dos candidatos dos partidos sejam mulheres. Muitas legendas têm recorrido à Justiça Eleitoral pedindo licença especial para preencher as vagas com homens mesmo porque não têm conseguido o número necessário de moças interessadas. E a comissão decidiu fazer o quê? “Ah, não! Se não conseguem nem 30%, então agora queremos 50%”. É assim que a lógica funciona em Banânia!
É claro que, se o sistema de listas for aprovado, talvez dique mais fácil, não é? Homens e mulheres poderão ser eleitos sem levantar o traseiro da cadeira. Basta botar alguns puxadores de voto para fazer campanha para o partido, e o resto estará decidido. Lula, por exemplo, seria, assim, um Mega-Tiririca. Popular, saíra pelos palanques do PT Brasil afora — e, sobretudo, no palanque eletrônico — e diria: “Votem no PT”. Muitos seguiriam a sua orientação, sem saber quem estariam mandando para a Câmara. Até Dona Mariza seria deputada com a força de suas idéias.
A proposta é também estúpida porque vai contra os fatos. Tanto não há preconceito contra a mulher na política que temos uma presidente da República, que decidiu ser chamada “presidenta”. Ela ascendeu ao topo do partido sem dificuldades (ok, Lula mandou, mas ele manda em todo mundo por lá), e a maioria daqueles que votaram acharam que ela tem condições de presidir. Por que precisa o estado brasileiro ajudar a velhinha a atravessara rua? É um despropósito!
Aberta a alternância de homens e mulheres, pergunta-se: e as demais categorias? É questão de tempo. A lista ficaria assim: uma mulher heterossexual branca, um homem heterossexual branco, uma mulher homossexual branca, um homem homossexual branco, uma mulher heterossexual negra, um homem heterossexual negro, uma mulher homossexual negra, um homem homossexual negro… E por aí afora! O Brasil seria dividido em corporações de gênero, de cor da pele, de sexualidade, permitindo as mais várias intersecções… Ora os homossexuais se uniriam em defesa de uma proposta não necessariamente aceita pelos heterossexuais, que, no entanto, poderiam se dividir em razão da cor da pele ou do gênero. A democracia como valor universal iria morar na casa do sr. Carvalho. A tendência desse Parlamento seria a paralisia.
A comissão aprovou também um referendo para saber se a população apoiaria ou não o voto em lista. É… Será uma coisa interessante… Ao menos é a chance de a brasileirada saber que porcaria é essa!
Conforme previ aqui há algum tempo, a reforma política tinha tudo para piorar o que já era ruim.
PARA NÃO ESQUECER - Quem comada a comissão é o PT. As propostas que estão sendo aprovadas são as do partido.
PARA NÃO ESQUECER - Quem comada a comissão é o PT. As propostas que estão sendo aprovadas são as do partido.
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