quarta-feira, 30 de março de 2011

Militantes políticos ou guerrilheiros?


O Ministério Público Federal em Brasília apreendeu ontem documentos, um computador e uma arma de fogo nas residências do oficial da reserva Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido como major Curió. Ele foi um dos líderes da repressão à guerrilha do Araguaia (1972-1975). Os mandados foram concedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal. "As buscas são uma tentativa de localizar documentos que possam revelar o paradeiro de corpos de militantes políticos que participaram da guerrilha", disse a procuradora Luciana Loureiro. Curió foi preso em flagrante por porte ilegal de arma e continuava detido até o fechamento desta edição. A nota é da Folha de São Paulo.
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Impressiona o cuidado que a esquerda têm para definir os supostos 62 desaparecidos do Araguaia. Agora são "militantes políticos que participaram da guerrilha". Passaram a ter dupla personalidade. Com uma arma na mão, eram "guerrilheiros", pois quem participa de uma guerrilha assim é considerado. Mortos e derrotados em combate, passaram a ser "militantes políticos", como se política pudesse ser feita com uma arma na mão. O mais importante na declaração da procuradora é que ela reconhece publicamente que existiu uma "guerrilha", que assim é definida no dicionário do Houaiss:

A definição é impiedosa para com os que caíram em combate. "Guerrilha é uma luta armada, empreendida por um movimento revolucionário de índole partidária ou não, que combate um governo estabelecido ou forças de ocupação com a estratégia de mobilização política da população camponesa e a tática de incursões ofensivas, atos violentos e de surpresa, perpetrados por pequenos grupos geralmente recrutados nessa população". Se Houaiss fosse definir Araguaia, não teria sido tão preciso e tão exato, pois tudo o que houve lá na selva está na definição de "guerrilha".

A procuradora que prendeu o Curió do Araguaia e da Serra Pelada deveria definir melhor o tipo de desaparecido que está buscando. Se forem guerrilheiros, até poderá encontrá-los, enterrados pelos próprios companheiros, por moradores piedosos ou por adversários compadecidos. É assim que funciona em qualquer guerra ou guerrilha. Agora, se está procurando militantes políticos,  está perdendo o seu precioso tempo: na Guerrilha do Araguaia só existiam guerrilheiros violentos, com uma arma na mão, prontos para matar os soldados das forças do governo estabelecido.

DO BLOG COTURNO NOTURNO

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