domingo, 4 de outubro de 2020
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
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A indicação do desembargador Kassio Nunes Marques para a vaga aberta pela saída de Celso de Mello do Supremo Tribunal Federal finalmente acendeu a luz de alerta sob o quanto o Presidente Jair Bolsonaro é refém do chamado establishment – real controlador do Centrão do Congresso Nacional.
A situação é tão curiosa que o Presidente refém, mas com popularidade em alta, está bem cotado para a reeleição. Depois de um primeiro ano de mandato com desgastes por causa do discurso de negação a negociações com o Congresso, Bolsonaro percebeu o óbvio ululante: em um presidencialismo de coalizão teria de ceder ao parlamento para governar. Foi só isso que ele fez.
Bolsonaro segue espancado, mais que nunca, pela extrema mídia – que dificilmente (ou nunca) irá compor com ele. Os banqueiros também não fecham com ele. Mesma situação dos ricos de berço (ou de herança) que torcem o nariz para o Mito. A classe alta e média também reverberam uma insatisfação com Bolsonaro que percebeu ser mais fácil governar e focar o discurso nas classes mais pobres. Aparentemente, o populismo Bolsonarista está dando certo.
Aparentemente, a oligarquia também está satisfeita com Bolsonaro. Embora o discurso dos poderosos até manifeste o contrário, Bolsonaro pouco ou nada fez para prejudicá-los de verdade. Daí um jogo de cena em que o Presidente é permanentemente mantido como refém. Ele parece que manda, porque nosso presidencialismo é “imperial”, mas, na realidade, ele apenas segue o roteiro montado pelo establishment no entorno próximo do Presidente.
O pragmático Bolsonaro já percebeu que, quanto menos radicalizar, maiores são as chances de seguir no poder. Atualmente, o desgaste de Bolsonaro é maior entre seus eleitores mais radicais, que exigem que se cumpram as promessas de mudança da campanha eleitoral. Já está claro que muitas delas não vão acontecer. Assim, haverá gritaria nas redes sociais. Só que, para a manutenção do Presidente no poder, isso fará pouca diferença.
Politicamente, Bolsonaro nunca esteve tão forte, apesar da aparente virulência de uma oposição de mentirinha. O desespero real é da esquerda perdida e da social democracia sem rumo. Os dois segmentos, que governaram o País nos últimos vinte e tantos anos, já constataram que, dificilmente, retornam ao poder. O jeito será aturar mais uma derrota ou, por debaixo dos panos, compor com Bolsonaro.
Veremos muita coisa “estranha” acontecer. A maioria delas será incompreensível para “reles mortais”. Bolsonaro irá contrariar seus aliados de primeira-hora para agradar à oligarqua que lhe dará afetiva sustentação. Haja estômago e paciência...
No final das contas, vale repetir por 13 x 13, até cansar: O sucesso de Bolsonaro vai depender, de fato, da sensação e percepção de melhora na economia. As intrigas entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia são mero jogo de cena. Bolsonaro depende da base aliada para aprovar as reformas (que tendem a ser no estilo “meia-boca”).
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