quarta-feira, 22 de maio de 2019
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vai pagar a maior fatura, mas vai
sobrar também para o presidente do Senado Davi Alcolumbre, o líder do
governo Fernando Bezerra e o ministro Onyx Lorenzoni, que,
vergonhosamente, negociaram a recriação da pasta:
O recuo na criação do Ministério das Cidades tem um grupo visível de
vencedores: os militantes alinhados ao governo que ameaçam ir às ruas e
atacaram o acordo nas redes sociais desde o dia em que ele foi firmado,
há duas semanas. O campo dos derrotados, por sua vez, é amplo, mas tem
um quarteto na linha de frente: os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e
do Senado, Davi Alcolumbre, o líder do governo Fernando Bezerra e o
ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que negociaram a recriação da
pasta.
Dos quatro, Maia é quem deve pagar a maior fatura. A recriação do
ministério foi apontada inicialmente como resultado de uma pressão do
Centrão. Só que os líderes dos principais partidos deste grupo negaram
ter dado aval à negociação e jogaram a responsabilidade pela conversa no
colo do presidente da Casa. Não à toa, argumentaram, o principal cotado
para assumir a pasta era o ex-ministro Alexandre Baldy, amigo de Maia.
Ao final, a imagem que ficou era de que o presidente da Câmara estava
usando o parlamento para emplacar um aliado no Executivo.
Ao recuar do acordo, o Congresso parece admitir ter caído em uma
armadilha ao tentar emparedar o presidente da República. Bolsonaro
deixou claro desde o primeiro momento que os termos da negociação foram
levados a ele já prontos e, em entrevista, fez questão de dizer que
exigiria que o nome do ministro fosse indicado pela Frente dos
Municípios.
Se o presidente preserva assim a imagem de que não aceita o
fisiologismo, por outro lado mina ainda mais a frágil articulação
política de seu governo. Em Brasília, o respeito aos acordos firmados
entre líderes é central para o andamento da pauta congressual.
Se não quiser passar os próximos anos vendo suas propostas caminharem
aos soluços, algo parecido com um diálogo sério e transparente
precisará ser institucionalizado entre Executivo e Legislativo. A menos
que o presidente já tenha optado por apostar todas as fichas na pressão
permanente como método de governo. E é bom lembrar que esta pode
funcionar em temas populares, mas dificilmente será efetiva em temas
áridos e complexos como as reformas econômicas. (O Globo). DO O.TAMBOSI
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