Ministro da Economia fez discurso na posse de novos presidentes de bancos públicos. Segundo ele, dirigentes deverão acabar com a 'falcatrua' nas instituições.
Por Alexandro Martello, Guilherme Mazui e Luiz Felipe Barbiéri, G1 — Brasília
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira (7) que
o mercado de crédito no país foi "estatizado" e sofreu "intervenções
danosas" de governos anteriores.
Ele deu as declarações durante cerimônia de posse,
no Palácio do Planalto, dos novos presidentes do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - Joaquim Levy; Banco do
Brasil - Rubem Novaes; e Caixa Econômica Federal - Pedro Guimarães.
"O dirigismo econômico corrompeu a política brasileira e travou o
crescimento da economia", afirmou o ministro. "O mercado brasileiro de
crédito também está estatizado e sofreu intervenções extremamente
danosas para o país", completou.
Guedes apontou um “desvirtuamento das instituições públicas", em que,
segundo ele, o crédito do Estado foi usado numa associação de “piratas
privados, democratas corruptos e criaturas do pântano político”.
"A máquina de crédito do Estado sofreu desvirtuamento. Perderam-se os
bancos públicos através de uma aliança perversa de piratas privados,
democratas corruptos e algumas criaturas do pântano político", disse o
ministro.
De acordo com Guedes, os novos presidentes dos bancos públicos vão assumir com a responsabilidade de acabar com a "falcatrua".
"Esses presidentes vão assumir sabendo disso, fazer a coisa funcionar
direito, da forma certa. Acho que o time comunga dessa filosofia, que é a
filosofia do presidente [Jair Bolsonaro], de fazer a coisa direito, de
acabar com a falcatrua", declarou.
Projetos 'estranhos'
O ministro ainda fez críticas ao que chamou de financiamentos
"estranhos" do BNDES. Para ele, houve erros em gestões anteriores quando
o banco emprestou a juros baixos para as empresas mais ricas,
conhecidas como "campeãs nacionais", ou investiu dinheiro em projetos de
pouco retorno.
"Quando o BNDES recebe aumento de capital para fazer projetos
econômicos estranhos em termos de retorno de capital, do ponto de vista
político, de quem é o beneficiado do lado de lá, dando capital para as
empresas 'campeãs nacionais', nós, economistas liberais, não gostamos
disso”, afirmou o ministro.
Ele também disse que nas gestões anteriores houve um assalto à Caixa
Econômica. De acordo com Guedes, as irregularidades cometidas nos bancos
públicos se tornarão públicas quando a "caixa-preta" dessas
instituições for analisada. O presidente Jair Bolsonaro, também presente
à cerimônia, tem usado esse termo para designar o trabalho de mapear ilicitudes de gestões passadas.
“A Caixa também foi vítima de saques, fraudes e assaltos aos recursos
públicos, como vai ficar óbvio logo à frente, à medida que, como diz o
presidente, essas caixas-pretas forem examinadas", declarou Guedes.
Discurso de Bolsonaro
O presidente da República fez um discurso
no fim da solenidade no Planalto. Ele disse que atos atos e contratos
de bancos públicos que estavam em sigilo classificados como
confidenciais vão se tornar públicos.
Essa foi a primeira fala pública do presidente depois do desencontro, na última sexta-feira (4), entre declarações de Bolsonaro e da equipe econômica.
No discurso desta segunda, o presidente elogiou o ministro da Economia,
agradeceu a confiança que Paulo Guedes depositou nele e destacou que
deu "total liberdade" para o subordinado montar a equipe econômica.
Novos presidentes
Guedes deu posse aos seguintes presidentes dos bancos públicos:
- Joaquim Levy (BNDES): Engenheiro Naval com doutorado em Economia pela Universidade de Chicago, foi ministro da Fazenda na gestão Dilma Rousseff, e secretário do Tesouro no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Estava na diretoria do Banco Mundial antes de assumir o BNDES.
- Pedro Guimarães (Caixa): PhD em Economia pela Universidade de Rochester, com tese sobre o processo de privatização no Brasil. Sócio-diretor do banco Brasil Plural, grupo financeiro fundado em 2009 que atua no mercado de capitais.
- Rubem Novaes (Banco do Brasil): PhD em Economia pela Universidade de Chicago (Estados Unidos), foi diretor do BNDES, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Os presidentes dos três bancos públicos assumem os cargos com a missão de auxiliar na recuperação dos cofres do governo. O orçamento de 2019 estabelece que o déficit nas contas públicas poderá chegar a R$ 139 bilhões, o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
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